Formação, evolução e consolidação da Pólis
O primeiro passo para uma nova
formação social, ou seja, o desenvolvimento da polis grega, foi a dissolução
das comunidades gentílicas. Até o período Homérico, as famílias situavam-se em
pequenas unidades agrícolas onde se dividia todo trabalho e produção.
Ao fim deste período, as
comunidades gentílicas entram em crise a partir do momento em que as técnicas
de produção não são suficientes para abastecer toda a comunidade. Com o tempo
as melhores terras ficaram restrita a uma determinada classe, o
que acabou subjugando os outros integrantes da comunidade.
Com o passar do tempo, a questão da
propriedade da terra estabelece o aparecimento de disputas e diferenças sociais
entre os gregos. Por isso, alguns estabelecem alianças entre si para articular
a defesa de suas propriedades. Nesta época a nascente elite proprietária de
terras protagonizou a adoção das principais medidas de ordem política. Pouco a
pouco, os proprietários das terras passam a ter mais poder.
Na medida que se associavam
consolidando sociedades mais amplas, as questões a serem solucionadas e as
medidas que seriam adotadas pelos gregos se tornam cada vez mais complexas. A
cobrança de imposto foi prevista em lei, realizar obras públicas também, a lei
também previa a criação de sanções e a regulação do cotidiano daqueles que
viviam na Pólis, nesse momento formada pela reunião de inúmeras comunidades
gentílicas.
Do ponto de vista histórico, a Pólis formada na Grécia não só determinou a presença de uma organização
populacional mais extensa, foi de grande importância para que os gregos
passassem a debater;elaborar e transformar as suas leis. “Transformavam a feição
da política no mundo antigo ao não restringirem a mesma as antigas tradições
orais ou a simples autoridade de um governante maior.”
A sociedade
ateniense
Atenas, na antiguidade, era uma
sociedade não militarista, ou seja, pacífica. Isso era o oposto do que se via
em Esparta. Atenas se destacava das outras cidades gregas por ter adotado a
democracia. A sociedade ateniense era dividida no período do seu apogeu em: Eupátridas – alta aristocracia,
direito a cidadania, progressivamente abrangeu os menos favorecidos; Metecos – pequenos comerciantes,
sem direitos de cidadão e Escravos
– prisioneiros de guerra e condenados por algum crime, eram também considerados
escravos os que não pagavam dívidas e os não cadastrados como Metecos.
A política ateniense passou pelas
fases de monarquia, arcontado, tirania e democracia. O governo era inicialmente
monárquico, sendo os reis considerados descendentes de Erecteu. A sociedade era
organizada em famílias, fratrias e quatro tribos. A exigência por parte das
classes mais baixas de que as leis fossem escritas e publicadas levou a escolha
de mais seis arcontes, os tesmotetas, magistrados responsáveis pela produção e
interpretação das leis, o que deu origem a organização jurídica no estado
ateniense.
A boulé, formada por quem já tinha
ocupado o cargo de arconte, obtinha o poder legislativo.
A sociedade
espartana
O surgimento de Esparta foi em
meados do século IX a.C.. Durante a época micênica existiram no sul do local
onde nasceria Esparta dois centros urbanos: Amiclas e Terapne.
Devido ao problema gerado pelo
aumento populacional e pela falta de terra, Esparta decidiu pela via militar
para solucionar a problemática, diferente de Atenas. Assim, Esparta decidiu
conquistar territórios adjacentes e aumentar seus domínios. Na luta pelo
domínio no Peloponeso, Argos foi sua principal rival.
Em 570 a.C., a tentativa de
conquistar Arcádia foi fracassada, Esparta optou pela diplomacia, alterando a
sua política. Com isso, Esparta oferece a outras localidades do Peloponeso a
possibilidade de integrar uma liga liderada por ela própria, chamada liga do
Peloponeso. Com exceção de Argos, a maioria integra a liga.
Durante as guerras persas Esparta
liderou as forças de defesas da Grécia em terra, e Atenas no mar. Com o final
da guerra, as relações entre as duas cidades estados entram em colapso e
culmina na guerra do Peloponeso, vencida por Esparta.
A educação espartana que recebia o
nome de agogê, apresentava uma
particularidade que diferenciava-se totalmente de Atenas, estava nas mãos do
estado. Era basicamente de orientação para a guerra e a segurança da cidade.
Valorizava-se os atributos físicos e tinha o objetivo de trazer o sentimento
patriótico. As crianças eram separadas de suas famílias e levadas aos centros
de treinamentos espartanos já aos 7 anos de idade. Quando uma criança nascia
com alguma deficiência, era deixada em um local próprio para morrer. A educação
espartana era supervisionada por um magistrado especial, o paidónom.Existiam três ciclos: dos 7 aos 11; dos 12 aos 15 e dos
16 aos 20. Ao final do treinamento o jovem guerreiro deveria matar um hilota
sem ser visto e assim tornar-se um guerreiro do exército, se fosse pego
sofreria as sanções da lei pelo assassinato do hilota.
As mulheres recebiam uma educação
parecida com as dos homens. O objetivo era favorecer o seu treinamento não só
para o combate mais para moldar seus corpos de forma a ficarem fortes e
saudáveis para poderem procriar.
A sociedade espartana era estratificada, sem
possibilidades de mobilidade entre os três grupos existentes, ou seja: os
esparciatas, os periecos e os hilotas. Esparciatas
– Pertenciam a este grupo os filhos de pai e mãe espartanos e eram os únicos
que possuíam direitos políticos; Periécos
– Eram os habitantes das cidades da periferia ligados ao estado espartano e
pagavam impostos eram livres e não tinham direitos políticos; Hilotas – Eram os servos, pertenciam
ao estado espartano, trabalhavam nos kleros, entregavam metade das colheitas
aos espartanos e eram muito explorados, diferente dos escravos de Atenas os
hilotas não eram mercadorias.
Atenas X
Esparta: Principais diferenças
Podemos observar nos textos que
Atenas e Esparta possuem características bem peculiares e se divergem uma da
outra em alguns pontos. No que se trata de escravidão, natural que em Atenas o
cativo seja tratado com mercadoria, uma vez que lá foi o berço desta prática. O
que difere dos hilotas de Esparta que são servos e apesar de serem subjugados e
extremamente explorados não são mercadorias e pertencem ao estado. Já na
política, Esparta tem a tirania como base de governo, assim como, a utilização
de força militar para a proteção, isto difere completamente de Atenas, já que
esta utiliza-se da democracia e é desmilitarizada. A mulher também é um assunto
divergente, na cultura ateniense a mulher é instruída para afazeres domésticos,
já em Esparta ela também é treinada para compor o exército. A educação em
Atenas visava estabelecer uma ligação entre mente e corpo, a filosofia surgia
para embasar esta educação, enquanto em Esparta toda a educação era voltada
para a formação militar e preparação para a guerra.
A guerra do
Peloponeso
Esta guerra foi um conflito armado
entre Esparta e Atenas. Foi registrada por Tucídides e Xenofonte. De acordo com
o primeiro, a razão da eclosão da mesma foi o crescimento do poder
ateniense e o temor que este despertava nos espartanos.
A guerra do Peloponeso marca uma grande mudança
na história da Grécia, principalmente nos aspectos militares, políticos,
sociais e econômicos. Inicia o declínio da cidade como objeto essencial da
civilização da Grécia. Uma das mais importantes mudanças ocorridas com esta
guerra foi a monarquia, que iria dominar na época helenística.
Muito importante também foi o fato
do conflito ter envolvido quase todos os estados gregos, além dos números sem
precedentes de arma, homens e o grande consumo de recursos materiais. Por ter
seus desfechos entre a Ásia Menor e a Sicília, o poderio naval foi de suma
importância. Antes as guerras eram de curta duração, ocorriam alguns encontros
de infantaria (hoplitas). A guerra do Peloponeso foi diferente, grandes blocos
de estado, várias áreas de combate, estratégias muito bem definidas e
dependendo da ação de Esparta ou Atenas – uma, potencia terrestre; a outra,
potência naval e possuidora de um império financeiro e comercial.
Esparta sai vencedora da guerra, contudo, logo se veria dominada e seu império englobado pelos macedônios. Felipe da Macedônia toma o mundo grego e inicia o que viria a ser um dos maiores impérios que o mundo já viu, não em suas mãos, mas nas do seu filho - Alexandre, o grande.