quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Grécia Antiga



Formação, evolução e consolidação da Pólis

   O primeiro passo para uma nova formação social, ou seja, o desenvolvimento da polis grega, foi a dissolução das comunidades gentílicas. Até o período Homérico, as famílias situavam-se em pequenas unidades agrícolas onde se dividia todo trabalho e produção. 
    Ao fim deste período, as comunidades gentílicas entram em crise a partir do momento em que as técnicas de produção não são suficientes para abastecer toda a comunidade. Com o tempo as melhores terras ficaram restrita a uma determinada classe, o que acabou subjugando os outros integrantes da comunidade.
  Com o passar do tempo, a questão da propriedade da terra estabelece o aparecimento de disputas e diferenças sociais entre os gregos. Por isso, alguns estabelecem alianças entre si para articular a defesa de suas propriedades. Nesta época a nascente elite proprietária de terras protagonizou a adoção das principais medidas de ordem política. Pouco a pouco, os proprietários das terras passam a ter mais poder.
   Na medida que se associavam consolidando sociedades mais amplas, as questões a serem solucionadas e as medidas que seriam adotadas pelos gregos se tornam cada vez mais complexas. A cobrança de imposto foi prevista em lei, realizar obras públicas também, a lei também previa a criação de sanções e a regulação do cotidiano daqueles que viviam na Pólis, nesse momento formada pela reunião de inúmeras comunidades gentílicas.
    Do ponto de vista histórico, a Pólis formada na Grécia não só determinou a presença de uma organização populacional mais extensa, foi de grande importância para que os gregos passassem a debater;elaborar e transformar as suas leis. “Transformavam a feição da política no mundo antigo ao não restringirem a mesma as antigas tradições orais ou a simples autoridade de um governante maior.”

A sociedade ateniense 

    Atenas, na antiguidade, era uma sociedade não militarista, ou seja, pacífica. Isso era o oposto do que se via em Esparta. Atenas se destacava das outras cidades gregas por ter adotado a democracia. A sociedade ateniense era dividida no período do seu apogeu em: Eupátridas – alta aristocracia, direito a cidadania, progressivamente abrangeu os menos favorecidos; Metecos – pequenos comerciantes, sem direitos de cidadão e Escravos – prisioneiros de guerra e condenados por algum crime, eram também considerados escravos os que não pagavam dívidas e os não cadastrados como Metecos.
     A política ateniense passou pelas fases de monarquia, arcontado, tirania e democracia. O governo era inicialmente monárquico, sendo os reis considerados descendentes de Erecteu. A sociedade era organizada em famílias, fratrias e quatro tribos. A exigência por parte das classes mais baixas de que as leis fossem escritas e publicadas levou a escolha de mais seis arcontes, os tesmotetas, magistrados responsáveis pela produção e interpretação das leis, o que deu origem a organização jurídica no estado ateniense.
     A boulé, formada por quem já tinha ocupado o cargo de arconte, obtinha o poder legislativo.

A sociedade espartana

   O surgimento de Esparta foi em meados do século IX a.C.. Durante a época micênica existiram no sul do local onde nasceria Esparta dois centros urbanos: Amiclas e Terapne.
     Devido ao problema gerado pelo aumento populacional e pela falta de terra, Esparta decidiu pela via militar para solucionar a problemática, diferente de Atenas. Assim, Esparta decidiu conquistar territórios adjacentes e aumentar seus domínios. Na luta pelo domínio no Peloponeso, Argos foi sua principal rival.
      Em 570 a.C., a tentativa de conquistar Arcádia foi fracassada, Esparta optou pela diplomacia, alterando a sua política. Com isso, Esparta oferece a outras localidades do Peloponeso a possibilidade de integrar uma liga liderada por ela própria, chamada liga do Peloponeso. Com exceção de Argos, a maioria integra a liga.
       Durante as guerras persas Esparta liderou as forças de defesas da Grécia em terra, e Atenas no mar. Com o final da guerra, as relações entre as duas cidades estados entram em colapso e culmina na guerra do Peloponeso, vencida por Esparta.
     A educação espartana que recebia o nome de agogê, apresentava uma particularidade que diferenciava-se totalmente de Atenas, estava nas mãos do estado. Era basicamente de orientação para a guerra e a segurança da cidade. Valorizava-se os atributos físicos e tinha o objetivo de trazer o sentimento patriótico. As crianças eram separadas de suas famílias e levadas aos centros de treinamentos espartanos já aos 7 anos de idade. Quando uma criança nascia com alguma deficiência, era deixada em um local próprio para morrer. A educação espartana era supervisionada por um magistrado especial, o paidónom.Existiam três ciclos: dos 7 aos 11; dos 12 aos 15 e dos 16 aos 20. Ao final do treinamento o jovem guerreiro deveria matar um hilota sem ser visto e assim tornar-se um guerreiro do exército, se fosse pego sofreria as sanções da lei pelo assassinato do hilota.
  As mulheres recebiam uma educação parecida com as dos homens. O objetivo era favorecer o seu treinamento não só para o combate mais para moldar seus corpos de forma a ficarem fortes e saudáveis para poderem procriar.
    A sociedade espartana era estratificada, sem possibilidades de mobilidade entre os três grupos existentes, ou seja: os esparciatas, os periecos e os hilotas. Esparciatas – Pertenciam a este grupo os filhos de pai e mãe espartanos e eram os únicos que possuíam direitos políticos; Periécos – Eram os habitantes das cidades da periferia ligados ao estado espartano e pagavam impostos eram livres e não tinham direitos políticos; Hilotas – Eram os servos, pertenciam ao estado espartano, trabalhavam nos kleros, entregavam metade das colheitas aos espartanos e eram muito explorados, diferente dos escravos de Atenas os hilotas não eram mercadorias.

Atenas X Esparta: Principais diferenças

    Podemos observar nos textos que Atenas e Esparta possuem características bem peculiares e se divergem uma da outra em alguns pontos. No que se trata de escravidão, natural que em Atenas o cativo seja tratado com mercadoria, uma vez que lá foi o berço desta prática. O que difere dos hilotas de Esparta que são servos e apesar de serem subjugados e extremamente explorados não são mercadorias e pertencem ao estado. Já na política, Esparta tem a tirania como base de governo, assim como, a utilização de força militar para a proteção, isto difere completamente de Atenas, já que esta utiliza-se da democracia e é desmilitarizada. A mulher também é um assunto divergente, na cultura ateniense a mulher é instruída para afazeres domésticos, já em Esparta ela também é treinada para compor o exército. A educação em Atenas visava estabelecer uma ligação entre mente e corpo, a filosofia surgia para embasar esta educação, enquanto em Esparta toda a educação era voltada para a formação militar e preparação para a guerra.

A guerra do Peloponeso

     Esta guerra foi um conflito armado entre Esparta e Atenas. Foi registrada por Tucídides e Xenofonte. De acordo com o primeiro, a razão da eclosão da mesma foi o crescimento do poder ateniense e o temor que este despertava nos espartanos.
     A guerra do Peloponeso marca uma grande mudança na história da Grécia, principalmente nos aspectos militares, políticos, sociais e econômicos. Inicia o declínio da cidade como objeto essencial da civilização da Grécia. Uma das mais importantes mudanças ocorridas com esta guerra foi a monarquia, que iria dominar na época helenística.
    Muito importante também foi o fato do conflito ter envolvido quase todos os estados gregos, além dos números sem precedentes de arma, homens e o grande consumo de recursos materiais. Por ter seus desfechos entre a Ásia Menor e a Sicília, o poderio naval foi de suma importância. Antes as guerras eram de curta duração, ocorriam alguns encontros de infantaria (hoplitas). A guerra do Peloponeso foi diferente, grandes blocos de estado, várias áreas de combate, estratégias muito bem definidas e dependendo da ação de Esparta ou Atenas – uma, potencia terrestre; a outra, potência naval e possuidora de um império financeiro e comercial. 
    Esparta sai vencedora da guerra, contudo, logo se veria dominada e seu império englobado pelos macedônios. Felipe da Macedônia toma o mundo grego e inicia o que viria a ser um dos maiores impérios que o mundo já viu, não em suas mãos, mas nas do seu filho - Alexandre, o grande.
      
   





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