Em
1789, acontecia na França a revolução que marcaria o fim da Idade Moderna e início
da Idade Contemporânea. A Revolução Francesa causou
a queda de uma monarquia, o enfraquecimento da Igreja e o fim da aristocracia.
Entretanto, essa foi apenas uma das revoluções que ocorreram no
mundo entre os séculos XVIII e XIX, mas por que ela é considerada um marco da
história francesa e mundial?
Vamos entender,
mas para isso, primeiro precisamos compreender o que não ia bem no reino da
França em 1789 para que a revolução acontecesse. Veremos que durante as décadas anteriores à
Revolução, alguns fatores sociais, políticos e econômicos serviram
de fagulhas para o “espírito da Revolução” e foram essenciais para
culminar nos acontecimentos que conhecemos como a “Revolução Francesa”.
As causas da Revolução Francesa
A Revolução
Francesa não aconteceu sem aviso na história da França, tampouco a forma
de pensar que norteou os ideais dos revolucionários surgiu do dia para a
noite. Entretanto, nem Luis XVI nem a Igreja estavam preparados para
o que se iniciou em 1789 e se estendeu até o último ano do século XVIII. Podemos mencionar 4 como sendo as causas
principais da revolução:
·
O pensamento iluminista;
·
A influência da Revolução Americana na economia e no
imaginário da França;
·
A desigualdade entre diferentes grupos sociais;
·
Uma grande crise econômica que gerou fome e mortes.
Todas
essas razões estão ligadas entre si, mas vamos entender o que foi cada uma.
O Iluminismo e o Século das
Luzes
O
Século das Luzes, como ficou conhecido o século XVIII, foi um período com
grandes mudanças na forma como as pessoas por toda a Europa lidavam com o
conhecimento, e foi o momento do despertar de uma das correntes de pensamento
mais importantes da história: O Iluminismo.
O Iluminismo
surgiu no começo do século, e teve grande influência sobre os intelectuais e a
burguesia daquele período em toda a Europa. Esse movimento defendia valores do humanismo e da razão,
colocando o ser humano e a busca pelo conhecimento científico como as fontes
das quais deveriam emanar todo o poder e as decisões da sociedade. No
pensamento iluminista, não havia mais espaço para
monarcas com poderes absolutos nem para a crença religiosa como a
fonte para justificar estruturas de poder.
Os ideais
iluministas eram disseminados facilmente por todo o país, com textos circulando
por gazetas e folhetins. Essa corrente de pensamento prosperou entre os
intelectuais da Europa desde a França, com pensadores como Voltaire,
Jean-Jacques Rousseau, e Mostesquieu, até a Itália, Alemanha e Inglaterra,
onde viveu John Locke, o “pai do Liberalismo”. Esses nomes são conhecidos até
hoje como baluartes da liberdade e dos direitos individuais dos cidadãos.
A
influência da Revolução Americana
A
segunda metade do século XVIII não foi marcada apenas pela Revolução Francesa,
mas por uma série de revoltas e revoluções ao redor do continente europeu e na
América. Antes de a revolução na França começar em 1789, a mais notável havia
sido a Revolução de Independência das colônias americanas.
Essa
revolução foi apoiada por Luis XVI, que enviou tropas francesas para ajudar
George Washington e companhia na empreitada americana de se tornar independente
da Grã-Bretanha, o principal rival político e econômico da França naquele
período. A empreitada francesa, apesar de bem vista pela população, trouxe um
prejuízo financeiro e dívida tão grandes para a coroa que obrigou Luís XVI a fazer
sucessivos aumentos de impostos ao longo das décadas de 1770 e 1780, período em
que a França já passava por uma grande crise econômica, que veremos em breve.
A
Revolução Americana foi importante também por um motivo simbólico: fortalecer
no imaginário dos franceses os ideais de liberdade e de
igualdade entre cidadãos, em sintonia com
o pensamento iluminista da época. Porém, esses desejos cada vez
mais claros do povo francês se chocavam com uma barreira poderosa: a divisão
brutal da sociedade em grupos, alguns com muitos privilégios, e outro com
nenhum. Esses grupos eram chamados de Estados.
Os
três Estados na França
A França era uma
superpotência europeia no fim do século XVIII, com uma população de
aproximadamente 25 milhões de habitantes e uma das monarquias mais vitoriosas
do continente. Entretanto, existia uma desigualdade latente entre nobres,
membros da Igreja, burgueses e camponeses, e essa desigualdade
existia por meio da existência de três ordens hierárquicas
distintas, conhecidas como Primeiro, Segunda e Terceiro Estados.
O
Primeiro Estado
O Primeiro Estado
francês era composto pelo clero da Igreja Católica,
que ao longo da Idade Média exerceu uma hegemonia religiosa e política na
França com poderes comparáveis aos do rei. Uma figura de destaque que
representa bem o quão forte eram os membros da Igreja é o Cardeal de Richelieu,
que no início do século XVII, como ministro do rei Luis XIII, liderou os
exércitos da França em guerras por todo do continente, como a Guerra
dos trinta Anos.Mas o clero não contava apenas com o poder de influenciar o rei
em suas decisões, a Igreja também era proprietário de mais de 20% das terras da
França e detinha uma fortuna significativa em ouro e outros bens.
O
Segundo Estado
A nobreza compunha o Segundo Estado
francês, e era formada pelos aristocratas. Esse grupo
estava em decadência antes de a revolução começar, pois vinham de uma tradição
feudal de vassalagem que estava se dissolvendo conforme os camponeses se
tornavam livres e deixavam as terras dos senhores. Essa aristocracia, que
baseava seu poder em títulos e influência por meio de cargos públicos,
representava algo que a revolução queria derrubar: os privilégios.
O Terceiro Estado
“O que é o Terceiro Estado? –
Tudo.
O que ele tem sido até agora na
política da França? – Nada.
O que ele quer? – Quer ser
algo.”
É com
essas três frases que o escritor francês Emmanuel Joseph Sievès (03/05/1748 –
20/06/1836) iniciou seu tratado pré-revolucionário sobre o que era o
Terceiro Estado. Mas você já consegue imaginar quais cidadãos faziam parte
desse grupo?
O Terceiro Estado
era composto pela burguesia que estava nascendo na
França naquele período, pelos trabalhadores das cidades e pelos camponeses,
sendo que esses últimos correspondiam a quase 80% do total da população
francesa.
Os burgueses estavam em um
momento de ascensão na França durante o século XVIII, com o fim do regime
feudal e o início da urbanização. Essas pessoas eram, em sua maioria,
comerciantes e empresários, e viviam nos centros urbanos franceses como
Lyon, Bourdeaux, Marselha e Paris. Uma outra parcela desse grupo social, também
muito importante para a Revolução, eram os intelectuais, acadêmicos,
advogados e médicos, conhecidos como a ‘baixa burguesia’.
A burguesia estava
se tornando economicamente relevante na França nos anos pré-revolução, mas
não via esse mesmo crescimento acontecer com o poder político. Antoine Barnave,
um dos nomes mais importantes da Revolução, disse em certo momento que “Uma nova distribuição da riqueza pressupõe uma
nova distribuição do poder“. Os burgueses ainda eram sub
representados na corte, e viam a aristocracia como uma inimiga, uma vez que
esta continuava tendo privilégios fiscais e políticos garantidos pelo regime,
mesmo tendo cada vez menos relevância na economia.
Os
camponeses, por sua vez, eram as pessoas sobre as quais recaiam a maior parte
dos impostos, as vezes tendo de entregar até um décimo de suas colheitas. Com o
enfraquecimento do feudalismo e do regime de servidão, os camponeses passaram a
trabalhar no campo para produzir para si próprios, e no século XVIII, o trigo
era o produto mais importante para a economia francesa, e em especial, a
principal fonte de alimentos para quem vivia no interior e nos campos.
Dá
pra imaginar que uma crise na produção de trigo seria catastrófica, e foi
exatamente isso que aconteceu.
A crise econômica da França
‘Se não têm pão, que comam
brioches”.
Essa frase é atribuída à rainha Maria Antonieta, e embora provavelmente nunca
tenha sido dita de fato, representa bem a situação em que a população francesa
se encontrava em 1789 e a visão que a nobreza tinha sobre ela.
Durante
as décadas de 1770 e 1780, a França passou por uma grande estiagem, o que gerou
uma diminuição significativa das colheitas de trigo e outros cereais, que
eram a principal fonte de alimento dos camponeses. Essa crise, em conjunto com
os sucessivos aumentos de impostos sofridos apenas pelos mais pobres,
causou um estado de miséria entre camponeses e trabalhadores das cidades no
país. Houve muitas mortes por inanição e saqueamentos, além de conflitos nas
ruas por comida.
Essa
situação obrigou o rei Luís XVI a tomar uma atitude para tentar resolver a
crise dos Franceses. A decisão do rei foi convocar a Assembléia dos
Estados Gerais. Essa Assembléia é considerada o ponto sem volta para as
mudanças que estavam por vir, e se ela não tivesse sido convocada, talvez a
Revolução não ocorresse. Ficou curioso para saber o que foi esse grande evento?
Assembléia dos Estados Gerais
Durante
mais de duzentos anos (desde 1614) os monarcas franceses não se utilizaram do
seu poder de convocar uma assembléia que reunisse os três estados para
deliberar sobre a política e economia da França. Foi Luís XVI quem decidiu
fazer essa convocação em 1789 para reunir e consultar
representantes dos três estados para solucionar a crise.
A
Assembléia foi marcada para ter início em 1 de Maio, e contava com 1200
delegados, sendo metade deles representantes do Terceiro Estado, que era
composto por mais de 90% da população. Uma das votações mais importantes que a
Assembléia realizaria seria sobre um novo aumento de imposto. O Clero e a
nobreza queriam realizar a votação de forma que cada Estado tivesse um
voto, para que pudessem votar juntos e se manter isentos. Já os
representantes do Terceiro Estado entendiam que suas chances de conseguir
se opor à elite aristocrática só seria possível se a assembléia seguisse a
lógica de cada deputado ter um voto.
A
aristocracia venceu, e por dois votos a um, foi decidido que o terceiro Estado
sofreria um aumento de impostos, enquanto os demais permaneceriam isentos.
O juramento do jogo de pela
Na
manhã do dia 20 de Junho, com mais de um mês e meio de Assembléia disputas
contínuas entre os grupos votantes, os deputados do Terceiro Estado tiveram uma
surpresa ao chegar para a assembléia no palácio de Versalhes e
encontrar as portas trancadas para sua entrada. Os deputados então
invadiram uma sala secundária do palácio, que servia de espaço para jogo de
pela, e declaram que só sairiam dali quando tivessem em mãos uma Constituição
do Estado Francês. Esse evento ficou conhecido como o Juramento
do jogo de pela, e naquele dia, os deputados do Terceiro Estado se
autodeclararam a Assembléia Nacional Constituinte da França.
Luís
XVI, aparentemente rendido pelas exigências dos representantes do terceiro
estado, aos quais haviam se juntado também alguns membros do clero e da
nobreza, decidiu por acatar a exigência dos deputados. Entretanto, ao mesmo
tempo em que a assembléia acontecia no palácio próximo a Paris, o exército da
coroa se preparava na capital para suprimir a assembléia e os representantes.
A
população parisiense, alerta para a tentativa de Luís XVI, se rebelou
contra as forças do rei. Liderados pela Milícia de Paris, um grupo composto por
guardas e membros da burguesia, os parisienses invadiram o Hospital dos
Inválidos de Paris, onde saquearam armas e equipamentos de combate e partiram
para a fortaleza da Bastilha, onde se armazenava a pólvora da cidade.
Nesse
momento, ocorreu o que se pode chamar de o início definitivo da Revolução: a
queda da Bastilha.
A queda da Bastilha
No
dia 14 de Julho de 1789, a população de Paris tomou a prisão da Bastilha. Ainda
hoje, o dia 14 de Julho é o principal feriado nacional e motivo de comemorações
na França. Mas o que era a Bastilha?
A Bastilha de
Saint-Antoine, ou simplesmente Bastilha, foi uma fortificação que durante
quatro séculos esteve localizada no centro de Paris. A partir do século XV, a Bastilha passou a funcionar como uma
prisão para onde eram enviados tanto prisioneiros de guerra quanto pessoas
acusadas de crimes contra a monarquia, como panfletagem e
publicação de sátiras.
A
fortificação representou, durante todo o período em que funcionou como uma
prisão, o poder absoluto da monarquia de prender e torturar prisioneiros sem
julgamento ou direito a defesa. Muitos prisioneiros morriam de fome e frio nos
calabouços da fortificação após serem presos por ordens do rei. Apesar de
representar um símbolo do absolutismo francês, em 1789 a Bastilha servia mais
como uma depósito de pólvora e armamentos do que como uma prisão, e foi
por conta dessas armas que ela foi tomada e saqueada pelos
revolucionários.
A
queda da Bastilha foi rápida e a fortificação foi incendiada. Houve mortos no
confronto entre população e guardas, entre eles o diretor da prisão, que foi
decapitado e teve sua cabeça exposta em toda a cidade pelos
revolucionários.
Nos dias seguintes
à tomada da bastilha, o rei cede à pressão da população francesa e aceita a criação
de uma Assembléia Constituinte Nacional, formada pelas deputados presentes na
Assembléia dos Estados Gerais, que serão responsável por criar a constituição
da França. O país passa então a ser uma monarquia constitucional. Esse
documento ficou conhecido como a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão.
Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão
A
declaração contava com 17 artigos que definiam os ‘direitos naturais’ dos
cidadãos, como a liberdade de expressão e de crença religiosa, e delimitavam os
poderes dos governantes e agentes do Estado. O primeiro e mais conhecido
artigo da declaração dizia:
“Os homens nascem iguais e são
livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundar-se na
utilidade comum”.
A
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, diferente das que já
haviam surgido na Inglaterra e Estados Unidos pós-independência, descrevia os
direitos universais dos cidadãos. Não apenas os franceses, e não apenas os
franceses que viviam naquela época, mas todos os cidadãos de todos os lugares
em todas as épocas.
Nesse momento, alguns grupos de representantes do povo
começaram a se destacar dentro da assembléia, sendo dois deles fundamentais
para o desenrolar da Revolução. Você já deve ter ouvido os
nomes, mas sabe o que cada um deles defendia?
Jacobinos e Girondinos
Os Girondinos eram da alta burguesia, composta
por empresários e comerciantes. Esse grupo queria uma reforma
com foco no liberalismo econômico e no fim das isenções de impostos e
privilégios dos nobres. Eram conhecidos pela moderação nas pautas que
defendiam, contrários ao uso da violência e defensores da monarquia
constitucional.
Os Jacobinos, por sua vez, eram a baixa burguesia.
Esse grupo era formado principalmente por intelectuais, advogados,
trabalhadores da justiça e médicos. Os Jacobinos eram considerados mais radicais e queriam uma
revolução mais profunda, com reformas econômicas e fiscais, mas
também políticas, sendo que alguns deles defendiam a erradicação total da
monarquia constitucional que se instaurou, para criar um regime republicano.
Girondinos se
sentavam à direita na Assembleia, e jacobinos à esquerda. Essa divisão foi o
origem do que definimos hoje como esquerda e direita.
A Revolução Francesa contra a Igreja
Uma das primeiras
ações dos deputados da assembléia constituinte contra a Igreja Católica foi confiscar e nacionalizar as terras do clero,
que equivaliam a 20% do território francês, e a transformar os padres em
funcionários do Estado Francês, submissos às decisões da assembléia e com o
dever de prestar juramento de fidelidade ao rei, à França e à lei.
Mas os
revolucionário não queriam apenas combater o poder político e econômico da
Igreja, e sim erradicar qualquer resquício de tradição
católica do país. Foram realizadas mudanças profundas,
entre elas a substituição do calendário gregoriano por um calendário
revolucionário em que os meses eram definidos com base nas estações do
ano, e no qual o ano I era 1793, ano de nascimento da república francesa. Os
domingos também foram abolidos, por serem dias destinados à adoração cristã.
O fim da monarquia na França
Entre
1789 e 1791 existiu na França um regime de monarquia constitucional, no
qual o rei permanecia como o monarca, mas na prática não tinha mais o poder de
legislar. Durante esse período, a ordem política francesa se manteve
relativamente estável, até que na noite de 20 de Junho de 1791, a família
real francesa realizou uma tentativa de fuga da França com a ajuda de outros
monarcas europeus, entre eles o Imperador do Sacro Império Romano-Germânico,
Leopoldo II, irmão de Maria Antonieta. A intenção de Luís XVI e seus
aliados era reunir forças estrangeiras para retomar a França dos
revolucionários.
O
plano não funcionou e os fugitivos foram descobertos durante a
viagem e enviados novamente para Paris. Com o fracasso da tentativa, monarcas
de toda a Europa, da Prússia (atual Alemanha) à Russia, iniciaram ataques às
fronteiras francesas, pois passaram perceber a revolução como uma ameaça para
seus próprios países, se ela se mostrasse vitoriosa na França. Os franceses,
por sua vez, estavam divididos e seus exércitos desgastados. A guerra
devastou as cidades de fronteira da França, e foi o motivo derradeiro para
a população de Paris decidir por derrubar a monarquia, que estava atuando
contra os interesses franceses na guerra.
No
dia 10 de Agosto de 1792, os parisienses, liderados por um grupo de
revolucionários conhecidos como sans-culottes, tomaram o palácio das
Tulherias, onde vivia a família real, e nesse momento, a monarquia francesa
acabava de vez, dando lugar à república, proclamada no dia 21 de Setembro. Luís
XVI e Maria Antonieta foram presos por alta traição.
A execução de Luís XVI e
o regime do terror
A
Assembléia Nacional, que era eleita por meio de sufrágio censitário,
deu lugar à Convenção, uma assembléia eleita por sufrágio semi-universal,
onde qualquer homem poderia votar, independente de sua renda; mulheres,
entretanto, não poderiam. As reuniões da Convenção foram marcadas pelos
embates cada vez mais acirrados entre girondinos e jacobinos. O primeiro
desses embates se referia a qual deveria ser o destino de Luís XVI e sua
família. Girondinos defendiam que a família real fosse exilada, ao passo
que os jacobinos entendiam que apenas a execução da monarquia livraria a França
da ameaça de um retorno do absolutismo. Estes últimos venceram, e no
dia 21 de Janeiro de 1793, Luís XVI foi executado na guilhotina.
Os
conflitos entre jacobinos e girondinos não cessaram nesse ponto, na
verdade eles se intensificaram. Os girondinos estavam com medo das
proporções que a Revolução e que os movimentos populares como os sans-culottes
estavam tomando, e pediam o fim da Revolução, uma vez que haviam alcançado suas
reivindicações pela liberdade econômica e fim da aristocracia; mas os
jacobinos acreditavam que o fortalecimento dos movimentos
populares era essencial para que uma revolução profunda ocorresse. O auge desse
conflito foi a prisão de boa parte dos deputados girondinos, em Junho de 1793.
Esse golpe de
Estado deu início ao regime do terror na França, e desencadeou uma
guerra civil por todo o país. Foi instaurado pelos deputados jacobinos, nesse
momento, um comitê de salvação nacional,
que se utilizava do terrorismo de Estado para conter manifestações e
insurreições e praticar execuções em massa por todo o país. Entre trinta e
cinquenta mil pessoas foram mortas nesse período.
O
Regime do terror, liderado pelo jacobino Maximilien de Robespierre, não
poupou adversários políticos assim como não poupou aliados. Robespierre, o
‘Incorruptível’, deu continuidade a uma agenda de reformas econômicas e
culturais na França, ora se aliando a deputados revolucionários, ora
a deputados de centro. Seu poder dentro da Convenção se deteriorou
rapidamente e resultou em sua queda.
10 de Termindor e a chegada de
Napoleão
Termidor
foi o nome dado pelos revolucionários aos meses de Julho e Agosto, e em
10 de Termidor do ano II da Revolução (que corresponde a 28 de Julho
de 1794, segundo ano do calendário revolucionário) foi executado na
guilhotina Maximilien de Robespierre, o principal líder jacobino e um
dos grandes nomes da Revolução e comandante do regime do terror.
No
período posterior à queda de Robespierre e dos Jacobinos, o diretório passou a
ser dominado pelos girondinos, e durante os cinco anos seguintes, os deputados
conseguiram avançar com pautas de incentivo à liberdade econômica e com
uma série de vitórias militares na Europa, em especial na Itália e na Áustria.
Em
1799 a população francesa volta a eleger maioria de jacobinos para a Convenção.
Essa volta da esquerda francesa ao poder causa temor em
girondinos e burgueses, e em conjunto, estes dois grupos apelam para
um novo golpe de Estado. Mas desta vez não para tomar o poder, e sim para
sede-lo a um novo monarca. E não havia ninguém melhor do que o astuto comandante
militar responsável pelas vitórias francesas no exterior: Napoleão Bonaparte.
Em 18 de Brumário do ano VIII (9
de Novembro de 1799), Napoleão toma o poder por meio
de um golpe militar e se declara cônsul da França. Esse golpe
tem o apoio da burguesia, que enxerga em Napoleão um aliado de seus interesses
econômicos. Nesse momento termina a Revolução Francesa.
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