quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A Revolução Mexicana



   O processo de independência na América Hispânica, conforme salientado por vários estudiosos, não trouxe profundas transformações no antigo quadro colonial. No México, os traços eminentemente agrários e excludentes de sua economia ganharam maior força durante a ditadura estabelecida por Porfírio Diaz. Governando o México de 1876 e 1911, o chamado “porfiriato” teve como missão política maior preservar os privilégios da elite que abraçou o movimento de independência.
   Nesse período, a sociedade mexicana era formada por maioria de analfabetos que somavam um total de 11 milhões de pessoas. Grande parte dessa massa desinformada e miserável era composta por indivíduos de origem indígena submetidos ao desmando legitimado dos grandes proprietários de terra. Nesse contexto, notaremos a formação de um movimento popular afastado dos grandes círculos de discussão ideológica e política, marcado por seu caráter popular e social.
    Nos primeiros anos do século XX, camponeses começaram a se mobilizar em torno de um projeto reivindicatório que defendia maior acesso às terras. Nos centros urbanos, a oposição ao status quo se manifestava na ocorrência de greves operárias e críticas de jornal. Todo esse processo de oposição chegou ao ápice quando Porfírio Diaz anunciou sua renúncia, em 1911. Logo em seguida, defendendo a ampliação de direitos políticos, Francisco Madero foi eleito com um amplo apoio de uma população seduzida por promessas de reforma social e fim da exclusão social.
    As expectativas de uma população asfixiada por todo esse processo de segregação cercaram a posse do novo presidente mexicano. Os camponeses já se mobilizavam em torno de uma reforma agrária, ampliação dos direitos e liberdades, e a valorização do elemento indígena na sociedade mexicana. Sobre o lema “terra e liberdade”, os trabalhadores rurais foram liderados por Emiliano Zapata – caudilho da região sul – e Pancho Villa, camponês pobre da parte meridional.
A administração de Madero, em pouco tempo, tornou-se sinônimo de frustração. A insatisfação camponesa se traduziu na intensificação das revoltas contra os latifúndios e ações de combate direto. Francisco Madero, fazendo jus à sua ação demasiadamente reformista, não apoiou a ação campesina e protegeu os grandes proprietários de terra. O potencial revolucionário logo alertou as potências industriais que, na época, adotavam ações intervencionistas no continente americano.
    O andamento da revolução mexicana se intensificou quando Madero foi assassinado a mando do comandante do Exército Victoriano Huerta. O militar tentou arrefecer a onda revolucionária através da criação de um regime ditatorial. No entanto, as ações dos camponeses liderados por Zapata e Villa forçaram a queda do governo Huerta, em 1914. Um novo governo constitucional foi estabelecido com a eleição de Venustiano Carranza.
    A revolução mexicana tomava força enquanto as elites agrárias tentavam reorganizar o cenário político nacional. No ano de 1917, uma nova carta constitucional foi criada, legitimando o governo Carranza. Os revolucionários não apoiaram o novo presidente e se mantiveram em situação de luta. No entanto, a morte de Emiliano Zapata, em 1919, e de Pancho Villa, em 1923, causou o desmembramento da classe subalterna mexicana, dando fim ao processo revolucionário.



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