A Guerra de Secessão, ou Guerra Civil Americana, aconteceu nos Estados Unidos entre os estados do Norte e os estados do Sul, de 1861 a 1865. Esse conflito foi iniciado quando os estados do Sul separaram-se da União e formaram os Estados Confederados da América. A Guerra de Secessão foi motivada pela divergência que havia entre os dois grupos a respeito da abolição da escravatura e da extensão dos novos territórios que estavam sendo ocupados no oeste.
Antecedentes:
Durante a década de 1850, os Estados Unidos eram uma “nação dividida” entre os estados do Norte e os estados Sul. Apesar de haver algumas concordâncias e similaridades entre os lados a respeito da política imperialista dos Estados Unidos, havia também uma enorme discordância acerca do modelo de sociedade com o qual os novos territórios seriam povoados.
O Norte era caracterizado pelo desenvolvimento de uma forte indústria, defensor do trabalho livre assalariado e composto por uma forte classe média urbana. O Sul, por outro lado, possuía uma economia basicamente agrícola, voltada para a produção de algodão no sistema de plantation, com utilização extensa do trabalho escravo.
A grande divergência entre os dois lados durante a década de 1850 girava em torno da questão da política a ser adotada nos novos territórios que haviam sido conquistados. O Sul defendia a extensão do modelo escravista para os novos territórios, e o Norte defendia que os novos territórios deveriam ser constituídos com a proibição da escravidão.
Essa disputa entre Norte e Sul relacionada ao uso da mão de obra escrava intensificou-se a partir da ocupação do Nebraska e do Kansas. O presidente americano Franklin Pierce mostrou-se favorável à extensão da escravidão para o Kansas, e isso gerou grande insatisfação na ala abolicionista. A disputa no Kansas, inclusive, levou a pequenos conflitos armados entre milícias de abolicionistas e escravocratas no final da década de 1850.
Abraham Lincoln e a Guerra Civil:
A rivalidade entre a ala abolicionista e a ala escravocrata alcançou o debate presidencial nas eleições de 1860. O principal representante dos democratas era Stephen Douglas, e os republicanos estavam representados por Abraham Lincoln. A vitória de Abraham Lincoln nas eleições de 1860 gerou grande insatisfação no Sul.
O presidente Abraham Lincoln mantinha uma postura ambígua a respeito da escravidão, pois era um defensor da abolição da escravatura, porém acreditava que a “raça branca” era naturalmente “superior”. Além disso, Lincoln afirmava que não aboliria a escravidão nos locais em que ela já existisse e defendia a sua manutenção exclusivamente no Sul, ou seja, era contrário a sua expansão para os novos territórios, como o Kansas. A postura de Lincoln recebeu críticas dos dois lados: os nortistas consideravam-no muito conservador, enquanto os sulistas consideravam-no um abolicionista radical, mesmo Lincoln adotando medidas conciliatórias.
A insatisfação dos estados sulistas com a presidência de Abraham Lincoln relacionava-se à questão da escravidão e motivou-os a rebelarem-se contra o governo americano. Os sulistas passaram a defender um discurso separatista, e, como consequência, o Sul acabou declarando sua desvinculação da União e formação de uma nova nação, conhecida como Estados Confederados da América. A eleição de Lincoln e a separação dos estados sulistas foram, portanto, os estopins para o início da Secessão em 1861.
O primeiro estado sulista a separar-se da União foi Carolina do Sul, que foi seguido por Alabama, Flórida, Mississipi, Geórgia, Texas e Luisiana. O ataque que marcou o princípio da guerra civil também foi realizado pelos sulistas contra um forte da União (Forte Sumter), instalado em Charleston, na Carolina do Sul. Lincoln – que afirmava que não aceitaria nenhum tipo de separatismo – convocou os exércitos para lutar contra os separatistas e reintegrá-los à nação.
A convocação dos exércitos da União por Lincoln fez com que outros estados sulistas declarassem sua secessão e se vinculassem com os confederados: Virgínia, Arkansas, Carolina do Norte e Tennessee. A resposta de Lincoln ao ataque no Fort Sumter, em Charleston, veio com o envio de 80 mil soldados. A partir disso, a Guerra Civil Americana espalhou-se pela nação.
No início do conflito, o Norte possuía uma larga vantagem em relação ao Sul: os nortistas possuíam maior contingente militar, uma economia muito mais desenvolvida e melhor infraestrutura. Apesar disso, os sulistas alimentavam um forte otimismo em suas capacidades. Além disso, os sulistas contavam com a liderança de importantes estrategistas militares, como o general Robert E. Lee.
A Guerra Civil Americana foi o pior conflito da história dos Estados Unidos. As batalhas realizadas em campo aberto transformaram-se em verdadeiros massacres, com milhares de soldados morrendo, por exemplo, na Batalha de Gettysburg, na qual cerca de 30 mil sulistas morreram em poucos dias de confronto.
Derrota sulista:
Os sulistas foram derrotados pelos nortistas à medida que sua economia foi sendo sufocada pelas ações impostas por Abraham Lincoln. A falta de apoio estrangeiro e o embargo marítimo, que impediu a entrada de mercadorias no Sul, acabaram destruindo a economia sulista. A crescente precariedade dos Confederados fez com que cerca de um terço do exército desertasse.
Além disso, a partir da “Lei do Confisco”, os nortistas foram reavendo o controle sobre territórios anteriormente controlado pelos sulistas. Isso fez com que propriedades de sulistas fossem confiscadas por nortistas, o que favoreceu a fuga de escravos (que eram libertados caso fossem resgatados pelos nortistas). A fuga dos escravos intensificou o desmoronamento do sistema escravista e da economia sulista.
Assim, a guerra que havia começado em nome da integridade territorial da União acabou tomando novo significado na luta pelo fim da escravidão. A nova postura de Lincoln, então, foi motivada principalmente por fins políticos, ao perceber que a defesa da abolição poderia aumentar sua popularidade tanto nos Estados Unidos como na Europa.
A abolição da escravidão nos Estados Unidos foi decretada em 1º de janeiro de 1863 com a Lei de Emancipação dos Escravos e foi reafirmada com a promulgação da 13ª Emenda Constitucional em 1865, após o fim da guerra. A Secessão oficialmente terminou em maio de 1865, com a derrota dos sulistas, sua reintegração à União e com a abolição definitiva da escravidão no país.
A Guerra de Secessão custou aos Estados Unidos mais de 600 mil vidas – mais do que qualquer outra guerra na história americana – e gerou grande destruição no Sul do país. A respeito dessa guerra, também se pode afirmar que: O conflito também serviu para criar o mito de Lincoln como grande estadista defensor da liberdade, forjar certo sentimento de identidade nacional baseada na superioridade do “mundo” do Norte, abrir caminho para o surgimento de determinadas leis comuns e definir a trilha histórica de um país unificado a partir das armas.
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