segunda-feira, 26 de junho de 2017

A Guerrilha do Caparaó


A Guerrilha do Caparaó foi um importante movimento armado de contestação ao regime militar no Brasil. Com a ascensão do governo ditatorial militar no Brasil em 1964, formaram-se vários grupos de contestação ao regime. Geralmente, esses grupos eram dotados de referências que seguiam a ideologia socialista. Na ocasião, o mundo encontrava-se polarizado entre capitalismo e socialismo no embate conhecido como Guerra Fria. O governo brasileiro havia assumido uma posição clara de alinhamento com o capitalismo estadunidense e de oposição às manifestações orientadas pela ideologia socialista.
Um dos grupos de contestação ao regime vigente na década de 1960 foi o chamado Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR). A origem deste movimento aconteceu em Montevidéu, capital do Uruguai, local onde os militantes receberam apoio financeiro de Cuba, único país das Américas alinhado com o socialismo soviético na época. Uma importante figura nessas negociações de apoio foi o político brasileiro Leonel Brizola, que recebeu sustento de alguns ex-militares brasileiros. Esse relacionamento entre o MNR e o governo cubano funcionou muito bem durante algum tempo, porém Cuba preferiu apoiar o militante revolucionário Carlos Marighella, suspendendo a ligação com o MNR.
O Movimento Nacionalista Revolucionário foi responsável por articular a Guerrilha do Caparaó. A ação foi coordenada para ocorrer na serra do Caparaó, localizada na divisa dos estados de Minas Gerais com Espírito Santo, tendo como inspiração o modelo de guerrilha que havia sido praticado em Sierra Maestra. O movimento ocorreu no Brasil entre 1966 e 1967. Inicialmente, a guerrilha era financiada pelo governo cubano, mas com a suspensão do auxílio, seus integrantes passaram a enfrentar dificuldades agudas. Foi preciso começar a roubar e abater animais variados para alimentação, chamando, assim, a atenção da polícia. Os serviços de inteligência do governo investigaram a fundo o movimento e o repreenderam no ano de 1967 através da ação da Polícia Militar de Minas Gerais. Quando o governo brasileiro agiu, os guerrilheiros já estavam em posição desfavorável e, praticamente, não foi necessário disparar nenhum tiro. Os vinte guerrilheiros foram aprisionados facilmente e alguns moradores da região também foram levados para investigação. Com a desarticulação a guerrilha, as Forças Armadas brasileiras tentaram criar a imagem de criminosos comuns, desqualificando os guerrilheiros como revolucionários. Entretanto a polícia mineira provou que se tratavam de ex-militares. O exército e as Forças Aéreas se uniram, então, em uma grande operação para caçar outros guerrilheiros que pudessem ter restado escondidos na serra. Ninguém foi encontrado, mas a operação foi uma grande demonstração de poder do exército brasileiro para desencorajar outros grupos revolucionários espalhados pelo país.
A Guerrilha do Caparaó acabou antes mesmo de entrar em ação efetiva. Os guerrilheiros permaneceram por meses na Serra do Caparaó desenvolvendo treinamento financiado por Cuba. As dificuldades enfrentadas com o fim do financiamento cubano deixou os guerrilheiros em situações complicadas e a população, assustada, denunciou o movimento.

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