segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A Guerra do Contestado




Ao longo de sua História a região do Contestado foi alvo de sucessivos episódios de disputa política e econômica. Localizada entre os estados do Paraná e Santa Catarina, a região foi marcada por essas disputas em razão da presença de uma rica floresta e uma grande região dedicada à plantação de erva-mate. Uma das mais imediatas manifestações desse problema se dava na pressão exercida pelos grandes proprietários de terra que forçavam agregados e posseiros a se estabelecerem em outras terras.

Além disso, a construção de uma estrada de ferro interligando os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul agravou o problema social ali instalado. Sob a liderança do empresário estadunidense Percival Farquhar, a Brazil Railway Company comprou uma extensa área para construção desta estrada, onde diversas famílias já estavam instaladas. Após viabilizar o processo de desocupação das terras, a companhia atraiu a mão-de-obra de mais de 8 mil operários que participaram da gigantesca obra.

Depois de realizar a construção, a Brazil Railway adquiriu uma outra área com mais de 180 mil hectares onde realizaria exploração madeireira. Utilizando um moderno maquinário para a execução desse novo empreendimento, a empresa estrangeira precisou de um contingente mínimo de mão-de-obra, o que acabou forçando a expulsão de outra leva de pequenos agricultores que também estavam fixados naquela região.

Com a formação dessa massa de operários desempregados e camponeses desapropriados, a região do Contestado começou a presenciar um movimento messiânico. Diversos profetas, beatos e “monges” apareceram pregando ideais de justiça, paz e comunhão que seriam estabelecidos em um movimento de inspiração religiosa. O primeiro desses líderes foi o beato José Maria, que atacava o autoritarismo da ordem republicana e pregava novos tempos de prosperidade e comunhão espiritual.

Inspirado pela lenda messiânica do antigo rei português Dom Sebastião, José Maria agrupou diversos seguidores para a fundação da comunidade de Quadrado Santo, que viveu da agricultura subsistente e do furto de gado. Preocupados com a formação de comunidades desse mesmo tipo, os governos estadual e federal passaram a enviar expedições militares contra a população de Quadrado Santo. Ao saberem da ação do governo, os sertanejos fugiram para a cidade de Faxinal do Irani, no Paraná.

Após essa fuga, ainda no ano de 1912, um novo destacamento militar foi mandado para entrar em confronto com os seguidores de José Maria. Durante os conflitos, as tropas federais foram derrotadas, entretanto o líder espiritual acabou morrendo. Após esse primeiro confronto, os rebeldes começaram a reorganizar a comunidade de Quadrado Santo. No final do ano seguinte, uma nova luta foi travada com os militares e, mais uma vez, a comunidade do Contestado subjugou as autoridades republicanas.

Em 1914, o governo mais uma vez foi neutralizado com a fuga em massa dos moradores do contestado. No ano seguinte, outros confrontos seriam marcados com sucessivas derrotas do Exército. O já prolongado conflito só veio a ter um fim quando as tropas do governo foram mantidas por mais de um ano em confrontos regulares contra a comunidade revoltosa. Para tanto, utilizaram de aviões e uma pesada artilharia. No fim da luta, em 1916, milhares de sertanejos foram brutalmente executados.




quarta-feira, 22 de novembro de 2017

A Revolução Sandinista


No início do século XIX, passado o processo de independência mexicana, as regiões pertencentes à América Central experimentaram diversas transformações políticas em favor da formação de várias nações independentes. Na maioria dos casos, as elites locais obtinham o apoio estadunidense e britânico na formação de nações frágeis e incapazes de fazer frente aos interesses das potências capitalistas. Foi nesse contexto que notamos o surgimento da Nicarágua.

Por volta da década de 1920, o camponês Augusto César Sandino iniciou a formação de um grupo revolucionário determinado a dar fim à intervenção imperialista em seu país. Entre outros pontos, Sandino defendia a realização de um projeto de distribuição de terras e saída dos militares americanos que ocupavam o território nicaragüense. Dessa maneira, os partidários de Sandino participaram de movimentos de guerrilha que atuaram no país entre 1926 e 1933.

Após conseguir a saída das tropas estadunidense do país, Sandino aceitou assinar um acordo onde concordava em depor das armas mediante a preservação da soberania de seu país. A opção pela pacificação política permitiu que militares liderados por Anastásio Somoza Garcia empreendessem o assassinato do líder revolucionário e instalassem um governo ditatorial alinhado aos interesses norte-americanos. Entre as décadas de 1930 e 1970, a família Somoza controlou os ditames da vida política nicaragüense.

Contudo, em 1961, um novo movimento guerrilheiro foi formado com o objetivo de acabar com a ingerência estrangeira e a opressão ditatorial. A partir da reunião de líderes, como Tomás Borge, Carlos Fonseca e Carlos Mayorga, fundou-se a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). Seus partidários passaram a formar sindicatos, abrir escolas de alfabetização e organizar focos em favor do seu projeto de natureza socialista.

No início de 1978, uma guerra civil tomou conta do país após a morte do jornalista Pedro Joaquín Chamorro, que participava ativamente contra a ditadura da família Somoza. Por meio de batalhas contra as forças governistas, a FSLN conseguiu dominar o Palácio Nacional de Manágua, na capital do país. Chegando ao poder por meio da formação da Direção Nacional da Frente Sandinista de Libertação Nacional, o novo governo representado por Daniel Ortega prometeu dar fim às mazelas que tomavam o país.

No plano político interno, os sandinistas promoveram uma aproximação com as nações do bloco socialista. Além disso, prometiam um amplo processo de desapropriação onde o Estado controlaria as terras e as demais forças produtivas do país. O projeto radical oferecido pelos sandinistas acabou não só incomodando os interesses do bloco capitalista, bem como de porções heterogêneas da população nicaragüense. Dessa maneira, a partir de 1981, formou-se uma ação contra-revolucionária no país.

Os oponentes do governo sandinista, popularmente conhecidos como “Contras”, tiveram o apoio financeiro dos Estados Unidos e de membros da alta cúpula católica do país. Durante toda a década de 1980, o governo sandinista enfrentou uma grave crise econômica que ampliou as forças oposicionistas e colocou a Nicarágua à beira do caos. Em 1990, a crise acabou configurando uma derrota eleitoral dos sandinistas e a eleição de Violeta Chamorro.

Somente após uma seqüência de governos de tendência neoliberal e conservadora, os sandinistas se fortaleceram politicamente com as permanências dos problemas que afligiam a população. Em 2007, Daniel Ortega voltou à presidência com um discurso político moderado e com o apoio declarado dos norte-americanos. Hoje, o histórico líder da revolução de 1979 tem de enfrentar o atraso tecnológico, a inflação, o desemprego e a dívida externa que corroem a Nicarágua.



segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A Guerra de Secessão


   A Guerra de Secessão, ou Guerra Civil Americana, aconteceu nos Estados Unidos entre os estados do Norte e os estados do Sul, de 1861 a 1865. Esse conflito foi iniciado quando os estados do Sul separaram-se da União e formaram os Estados Confederados da América. A Guerra de Secessão foi motivada pela divergência que havia entre os dois grupos a respeito da abolição da escravatura e da extensão dos novos territórios que estavam sendo ocupados no oeste.

Antecedentes:

    Durante a década de 1850, os Estados Unidos eram uma “nação dividida” entre os estados do Norte e os estados Sul. Apesar de haver algumas concordâncias e similaridades entre os lados a respeito da política imperialista dos Estados Unidos, havia também uma enorme discordância acerca do modelo de sociedade com o qual os novos territórios seriam povoados.
   O Norte era caracterizado pelo desenvolvimento de uma forte indústria, defensor do trabalho livre assalariado e composto por uma forte classe média urbana. O Sul, por outro lado, possuía uma economia basicamente agrícola, voltada para a produção de algodão no sistema de plantation, com utilização extensa do trabalho escravo.
   A grande divergência entre os dois lados durante a década de 1850 girava em torno da questão da política a ser adotada nos novos territórios que haviam sido conquistados. O Sul defendia a extensão do modelo escravista para os novos territórios, e o Norte defendia que os novos territórios deveriam ser constituídos com a proibição da escravidão.
   Essa disputa entre Norte e Sul relacionada ao uso da mão de obra escrava intensificou-se a partir da ocupação do Nebraska e do Kansas. O presidente americano Franklin Pierce mostrou-se favorável à extensão da escravidão para o Kansas, e isso gerou grande insatisfação na ala abolicionista. A disputa no Kansas, inclusive, levou a pequenos conflitos armados entre milícias de abolicionistas e escravocratas no final da década de 1850.

Abraham Lincoln e a Guerra Civil: 

   A rivalidade entre a ala abolicionista e a ala escravocrata alcançou o debate presidencial nas eleições de 1860. O principal representante dos democratas era Stephen Douglas, e os republicanos estavam representados por Abraham Lincoln. A vitória de Abraham Lincoln nas eleições de 1860 gerou grande insatisfação no Sul.
   O presidente Abraham Lincoln mantinha uma postura ambígua a respeito da escravidão, pois era um defensor da abolição da escravatura, porém acreditava que a “raça branca” era naturalmente “superior”. Além disso, Lincoln afirmava que não aboliria a escravidão nos locais em que ela já existisse e defendia a sua manutenção exclusivamente no Sul, ou seja, era contrário a sua expansão para os novos territórios, como o Kansas. A postura de Lincoln recebeu críticas dos dois lados: os nortistas consideravam-no muito conservador, enquanto os sulistas consideravam-no um abolicionista radical, mesmo Lincoln adotando medidas conciliatórias.
   A insatisfação dos estados sulistas com a presidência de Abraham Lincoln relacionava-se à questão da escravidão e motivou-os a rebelarem-se contra o governo americano. Os sulistas passaram a defender um discurso separatista, e, como consequência, o Sul acabou declarando sua desvinculação da União e formação de uma nova nação, conhecida como Estados Confederados da América. A eleição de Lincoln e a separação dos estados sulistas foram, portanto, os estopins para o início da Secessão em 1861.
   O primeiro estado sulista a separar-se da União foi Carolina do Sul, que foi seguido por Alabama, Flórida, Mississipi, Geórgia, Texas e Luisiana. O ataque que marcou o princípio da guerra civil também foi realizado pelos sulistas contra um forte da União (Forte Sumter), instalado em Charleston, na Carolina do Sul. Lincoln – que afirmava que não aceitaria nenhum tipo de separatismo – convocou os exércitos para lutar contra os separatistas e reintegrá-los à nação.
    A convocação dos exércitos da União por Lincoln fez com que outros estados sulistas declarassem sua secessão e se vinculassem com os confederados: Virgínia, Arkansas, Carolina do Norte e Tennessee. A resposta de Lincoln ao ataque no Fort Sumter, em Charleston, veio com o envio de 80 mil soldados. A partir disso, a Guerra Civil Americana espalhou-se pela nação.
     No início do conflito, o Norte possuía uma larga vantagem em relação ao Sul: os nortistas possuíam maior contingente militar, uma economia muito mais desenvolvida e melhor infraestrutura. Apesar disso, os sulistas alimentavam um forte otimismo em suas capacidades. Além disso, os sulistas contavam com a liderança de importantes estrategistas militares, como o general Robert E. Lee.
     A Guerra Civil Americana foi o pior conflito da história dos Estados Unidos. As batalhas realizadas em campo aberto transformaram-se em verdadeiros massacres, com milhares de soldados morrendo, por exemplo, na Batalha de Gettysburg, na qual cerca de 30 mil sulistas morreram em poucos dias de confronto.

Derrota sulista:

    Os sulistas foram derrotados pelos nortistas à medida que sua economia foi sendo sufocada pelas ações impostas por Abraham Lincoln. A falta de apoio estrangeiro e o embargo marítimo, que impediu a entrada de mercadorias no Sul, acabaram destruindo a economia sulista. A crescente precariedade dos Confederados fez com que cerca de um terço do exército desertasse.
   Além disso, a partir da “Lei do Confisco”, os nortistas foram reavendo o controle sobre territórios anteriormente controlado pelos sulistas. Isso fez com que propriedades de sulistas fossem confiscadas por nortistas, o que favoreceu a fuga de escravos (que eram libertados caso fossem resgatados pelos nortistas). A fuga dos escravos intensificou o desmoronamento do sistema escravista e da economia sulista.
    Assim, a guerra que havia começado em nome da integridade territorial da União acabou tomando novo significado na luta pelo fim da escravidão. A nova postura de Lincoln, então, foi motivada principalmente por fins políticos, ao perceber que a defesa da abolição poderia aumentar sua popularidade tanto nos Estados Unidos como na Europa.
    A abolição da escravidão nos Estados Unidos foi decretada em 1º de janeiro de 1863 com a Lei de Emancipação dos Escravos e foi reafirmada com a promulgação da 13ª Emenda Constitucional em 1865, após o fim da guerra. A Secessão oficialmente terminou em maio de 1865, com a derrota dos sulistas, sua reintegração à União e com a abolição definitiva da escravidão no país.
   A Guerra de Secessão custou aos Estados Unidos mais de 600 mil vidas – mais do que qualquer outra guerra na história americana – e gerou grande destruição no Sul do país. A respeito dessa guerra, também se pode afirmar que: O conflito também serviu para criar o mito de Lincoln como grande estadista defensor da liberdade, forjar certo sentimento de identidade nacional baseada na superioridade do “mundo” do Norte, abrir caminho para o surgimento de determinadas leis comuns e definir a trilha histórica de um país unificado a partir das armas.



quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A Revolução Mexicana



   O processo de independência na América Hispânica, conforme salientado por vários estudiosos, não trouxe profundas transformações no antigo quadro colonial. No México, os traços eminentemente agrários e excludentes de sua economia ganharam maior força durante a ditadura estabelecida por Porfírio Diaz. Governando o México de 1876 e 1911, o chamado “porfiriato” teve como missão política maior preservar os privilégios da elite que abraçou o movimento de independência.
   Nesse período, a sociedade mexicana era formada por maioria de analfabetos que somavam um total de 11 milhões de pessoas. Grande parte dessa massa desinformada e miserável era composta por indivíduos de origem indígena submetidos ao desmando legitimado dos grandes proprietários de terra. Nesse contexto, notaremos a formação de um movimento popular afastado dos grandes círculos de discussão ideológica e política, marcado por seu caráter popular e social.
    Nos primeiros anos do século XX, camponeses começaram a se mobilizar em torno de um projeto reivindicatório que defendia maior acesso às terras. Nos centros urbanos, a oposição ao status quo se manifestava na ocorrência de greves operárias e críticas de jornal. Todo esse processo de oposição chegou ao ápice quando Porfírio Diaz anunciou sua renúncia, em 1911. Logo em seguida, defendendo a ampliação de direitos políticos, Francisco Madero foi eleito com um amplo apoio de uma população seduzida por promessas de reforma social e fim da exclusão social.
    As expectativas de uma população asfixiada por todo esse processo de segregação cercaram a posse do novo presidente mexicano. Os camponeses já se mobilizavam em torno de uma reforma agrária, ampliação dos direitos e liberdades, e a valorização do elemento indígena na sociedade mexicana. Sobre o lema “terra e liberdade”, os trabalhadores rurais foram liderados por Emiliano Zapata – caudilho da região sul – e Pancho Villa, camponês pobre da parte meridional.
A administração de Madero, em pouco tempo, tornou-se sinônimo de frustração. A insatisfação camponesa se traduziu na intensificação das revoltas contra os latifúndios e ações de combate direto. Francisco Madero, fazendo jus à sua ação demasiadamente reformista, não apoiou a ação campesina e protegeu os grandes proprietários de terra. O potencial revolucionário logo alertou as potências industriais que, na época, adotavam ações intervencionistas no continente americano.
    O andamento da revolução mexicana se intensificou quando Madero foi assassinado a mando do comandante do Exército Victoriano Huerta. O militar tentou arrefecer a onda revolucionária através da criação de um regime ditatorial. No entanto, as ações dos camponeses liderados por Zapata e Villa forçaram a queda do governo Huerta, em 1914. Um novo governo constitucional foi estabelecido com a eleição de Venustiano Carranza.
    A revolução mexicana tomava força enquanto as elites agrárias tentavam reorganizar o cenário político nacional. No ano de 1917, uma nova carta constitucional foi criada, legitimando o governo Carranza. Os revolucionários não apoiaram o novo presidente e se mantiveram em situação de luta. No entanto, a morte de Emiliano Zapata, em 1919, e de Pancho Villa, em 1923, causou o desmembramento da classe subalterna mexicana, dando fim ao processo revolucionário.



terça-feira, 31 de outubro de 2017

A Revolução Russa




    A Revolução Russa de 1917 foi um dos principais acontecimentos do século XX. Acontecimento esse que irrompeu durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), apesar de seus antecedentes remeterem ao ano de 1905, em que o correu a primeira tentativa revolucionária, que teve como estopim o episódio marcante conhecido como Domingo Sangrento.
    O principal aspecto da Revolução Russa é ela ter sido orientada pela doutrina comunista, desenvolvida pelo filósofo alemão Karl Marx no século XIX – com a ressalva de que tal doutrina foi complementada e acrescida de um plano estratégico por aquele que se tornou o mais importante líder da revolução: Lenin.
Na virada do século XIX para o século XX, a Rússia, então um império czarista que vinha sendo governado por mais de trezentos anos pela mesma dinastia (Romanov), começava a sofrer pressões de ordem econômica e de ordem política. Um dos grandes problemas que a Rússia enfrentava era o atraso tecnológico. O Império Romanov não havia conseguido ainda promover transformações profundas na área da indústria e permanecia sendo uma sociedade profundamente agrária e com uma população insatisfeita, tanto camponeses e operários quanto a classe burguesa que se formava.
    Além disso, o Império czarista gastava boa parte de seu orçamento com guerras, como a Guerra Russo-Japonesa, desencadeada entre 1904 e 1905. Nesse contexto, ganharam força os partidos políticos que buscavam dar representação aos setores da sociedade russa mais insatisfeitos com o regime do czar. Além de partidos de matriz liberal, o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) destacou-se como um partido de inspiração marxista, porém com grande divergência de pensamento entre seus membros. As tendências divergentes do POSDR polarizaram-se entre os mencheviques, a minoria, e os bolcheviques, a maioria.
Os mencheviques eram liderados por Yuly Martov e Georgy Plekanov e tinham uma postura mais ajustada com o pensamento do marxismo ortodoxo, isto é, defendiam que a revolução comunista na Rússia deveria seguir as etapas definidas por Marx. Sendo assim, a burguesia deveria desenvolver o país por intermédio de uma reforma industrial capitalista profunda, enterrar o regime czarista e só depois a classe operária protagonizaria uma revolução na esteira do comunismo.
Os bolcheviques, que tinham como líder Vladimir Ilitch Ulianov, conhecido como Lenin, propunham uma alternativa diferente daquela sustentada pelo marxismo ortodoxo. Para Lenin, a revolução poderia ser acelerada em um país sem quadros econômicos com alto desenvolvimento capitalista (como era o caso da Rússia). Essa “aceleração” poderia ser operada e protagonizada pela aliança entre a classe operária e o campesinato – sendo que ambos receberiam a orientação de um comitê revolucionário formado por intelectuais e por dirigentes partidários.
Após as rebeliões e greves iniciadas em 1905, o Império Russo procurou articular-se com os liberais para tentar promover reformas que beneficiassem camponeses, operários e burgueses. A saída para isso foi a criação da Duma, isto é, Assembleia de representação popular. Enquanto isso, havia também o processo de organização política dos trabalhadores em torno dos sovietes, isto é, conselhos deliberativos que foram extintos após a retomada da ordem pelo czar e que só voltariam a ter destaque em 1917.
    Com a entrada da Rússia em mais uma guerra, a Primeira Guerra Mundial, o poder do czar Nicolau II começou a ficar ainda mais debilitado. Em fevereiro de 1917, uma junção de manifestações, greves e vários atos de insubordinação por parte de camponeses, operários e militares por toda a Rússia provocou a queda do czar e o fim do Império. Esses acontecimentos ficaram conhecidos como Revolução de Fevereiro. Seguiu-se, a partir desses acontecimentos, o que alguns historiadores denominaram de “etapa democrático-burguesa”, constituída de um Governo Provisório, resultante de uma aliança entre o soviete de Petrogrado, que era controlado por trabalhadores e militares, e um poder central controlado pela burguesia liberal.
    Essa aliança, entretanto, logo se mostrou frágil. A dualidade dos interesses burgueses e proletários acirrou-se nos meses seguintes. Um dos principais pontos de divergência entre os dois comandos era a continuação da presença na guerra, defendida pelo Governo Provisório e repudiada pelo soviete de Petrogrado. Em abril de 1917, Lenin encaminhou aos bolcheviques as teses, ou propostas, que retirariam a Rússia da guerra e dissolveria o Governo Provisório.
    A proposta de Lenin apregoava sobretudo o lema: “Todo poder aos sovietes”. Lenin e Leon Trotsky foram os principais responsáveis pelo encaminhamento da revolução a um caráter bolchevique. O cenário provocado pela Primeira Guerra Mundial deu as condições favoráveis para tanto, como acentuou o pesquisador Silvio Pons: “A visão revolucionária de Lenin nasceu em estreita interação com a experiência e a psicologia da guerra. Ela se robustecia mais com o próprio esquematismo do que com sua retaguarda intelectual, empregando a legitimidade marxista com vistas a uma ruptura política. Lenin compreendeu que a guerra mundial, iniciada como guerra entre estados, trazia o risco de profundo dilaceramento na ordem civil europeia. E, ao mesmo tempo, via as potencialidades que a mobilização bélica e seu impacto social apresentavam para a explicitação de uma nova política de massas”. 
    Em outubro de 1917, Lenin e Trotsky comandaram a Revolução Bolchevique, que depois passou a ser denominada de Revolução de Outubro. A primeira tática da revolução bolchevique foi o chamado comunismo de guerra, usado sobretudo na luta do Exército Vermelho, liderado por Trotsky, contra o Exército Branco, de matriz conservadora e contrarrevolucionária.
De 1919 em diante, a ofensiva bolchevique passou ao plano político e, sobretudo, político-econômico, com a criação da NEP (Nova Política Econômica), desenvolvida por Lenin em 1921. O governo de Lenin assentou as bases do que seriam as “repúblicas soviéticas”.



segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A Crise de 1929 e a Grande Depressão



Após a primeira guerra mundial (1918), os EUA eram o país mais rico do planeta. Além das fábricas de automóveis, os EUA também eram os maiores produtores de aço, comida enlatada, máquinas, petróleo, carvão....
Nos 10 anos seguintes, a economia norte-americana continuava crescendo causando euforia entre os empresários. Foi nessa época que surgiu a famosa expressão “American Way of Life” (Modo de Vida Americano). O mundo invejava o estilo de vida dos americanos.
A década de 20 ficou conhecida como os “Loucos Anos 20”. O consumo aumentou, a indústria criava, a todo instante, bens de consumo, clubes e boates viviam cheios e o cinema tornou-se uma grande diversão.
Os anos 20 foram realmente uma grande festa! Nessa época, as ações estavam valorizadas por causa da euforia econômica. Esse crescimento econômico (também conhecido como o “Grande Boom”) era artificial e aparente, portanto logo se desfez.
De 1920 até 1929, os americanos iludidos com essa prosperidade aparente, compraram várias ações em diversas empresas, até que no dia 24 de outubro de 1929, começou a pior crise econômica da história do capitalismo.
Vários fatores causaram essa crise:
Superprodução agrícola: formou-se um excedente de produção agrícola nos EUA, principalmente de trigo, que não encontrava comprador, interna ou externamente.
Diminuição do consumo: a indústria americana cresceu muito; porém, o poder aquisitivo da população não acompanhava esse crescimento. Aumentava o número de indústrias e diminuía o de compradores. Em pouco tempo, várias delas faliram.
Livre Mercado: cada empresário fazia o que queria e ninguém se metia.
Quebra da Bolsa de Nova York: de 1920 a 1929, os americanos compraram ações de diversas empresas. De repente o valor das ações começou a cair. Os investidores quiseram vender as ações, mas ninguém queria comprar. Esse quadro desastroso culminou na famosa “Quinta-Feira Negra” (24/10/1929 - dia que a Bolsa sofreu a maior baixa da história).
Se o valor das ações de uma empresa está desabando, o empresário tem medo de investir capital nessa empresa. Se ele investe menos, produzirá menos; se produz menos, então, não há motivo para tantos empregados, o que levará o empresário a demitir o pessoal.
Muitos empresários não sobreviveram à crise e foram à falência, assim como vários bancos que emprestaram dinheiro não receberam de volta o empréstimo e faliram também.
A quebra da bolsa trouxe medo, desemprego e falência. Milionários descobriram, de uma hora para outra, que não tinham mais nada e por causa disso alguns se suicidaram. O número de mendigos aumentou.
A quebra da bolsa afetou o mundo inteiro, pois a economia norte-americana era a alavanca do capitalismo mundial. Para termos uma idéia, logo após a quebra da bolsa de Nova York, as bolsas de Londres, Berlin e Tóquio também quebraram.
A crise fez com que os EUA importassem menos de outros países, como conseqüência os outros países que exportavam para os EUA, agora estavam com as mercadorias encalhadas e, automaticamente, entravam na crise.
Em 1930, a crise se agravou. Em 1933, Roosevelt foi eleito presidente dos EUA e elaborou um plano chamado New Deal. O Estado passou a vigiar o mercado, disciplinando os empresários, corrigindo os investimentos arriscados e fiscalizando as especulações nas bolsas de valores.
Outra medida foi a criação de um programa de obras públicas. O governo americano criou empresas estatais e construiu estradas, praças, canais de irrigação, escolas, aeroportos, portos e habitações populares. Com isso, as fábricas voltaram a produzir e vender suas mercadorias. O desemprego também diminuiu. Além disso, o New Deal criou leis sociais que protegiam os trabalhadores e os desempregados.
Para acabar com a superprodução, o governo aplicava medidas radicais que não foram aceitas por muitas pessoas: comprava e queimava estoques de cereais, ou então, pagava aos agricultores para que não produzissem.
O New Deal alcançou bons resultados para a economia norte-americana.
Essa terrível crise que atravessou a década ficou conhecida como Grande Depressão.
Os efeitos econômicos dadepressão de 30 só foram superados com o inicio da Segunda Guerra Mundial, quando o Estado tomou conta de fato sobre a economia ajudando a ampliar as exportações. A guerra foi então, uma saída natural para a crise do sistema capitalista.
Na década de 30, ocorreu a chamada “Política de Agressão (dos regimes totalitários – Alemanha, Itália e Japão) e Apaziguamento das Democracias Liberais (Inglaterra e França)”.
A política de agressão culminou em 1939 quando a Alemanha nazista invadiu a Polônia dando por iniciada a Segunda Grande Guerra.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Curiosidades: Os índios faziam sinais de fumaça?!



   A resposta é sim. Os apaches dos EUA soltavam sinais no alto de morros para chamar reforços e enfrentar um inimigo; sinais na base eram avisos de que alguém tinha se perdido. E não foi só na América do Norte. Entre os chineses que guardavam a Grande Muralha, um sinal significava um ataque de cem homens; dois sinais, de 500; três, mais de mil; quatro, 5 mil, e cinco, mais de 10 mil.



segunda-feira, 9 de outubro de 2017

A crise dos mísseis



A Crise dos Mísseis de 1962 gerou no mundo um enorme estado de tensão por causa das ameaças feitas entre os Estados Unidos e a União Soviética, as duas grandes potências à época. O episódio envolveu armamento nuclear e deixou a humanidade perto de uma nova Guerra Mundial.
A Segunda Guerra Mundial foi vencida pelos Estados Unidos e pela União Soviética, entretanto passaram a ocupar lados opostos ideologicamente no mundo. Com o fim da Segunda Guerra Mundial teve então início a Guerra Fria, a qual colocava de um lado os seguidores da ideologia capitalista dos Estados Unidos e de outro lado os seguidores da ideologia socialista da União Soviética. O armamento das duas potências mundiais era enorme e altamente destruidor, o que impedia um confronto direto entre elas.
Em 1962, um evento chamou atenção do mundo bipolarizado e atentou a humanidade para a possibilidade de uma nova guerra de proporções arrasadoras. No ano anterior os Estados Unidos instalaram mísseis nucleares na Turquia, a atitude gerou desagrado nos soviéticos. A existência de uma base nuclear em tal região causava preocupação aos soviéticos pela possibilidade de um ataque através de uma posição muito privilegiada. Os Estados Unidos tentaram ainda invadir Cuba, ilha da América Central com afinidades com o regime socialista.
No dia 14 de outubro de 1962, os Estados Unidos divulgaram fotos, coletadas através de um vôo secreto sobre Cuba, que apresentavam instalações preparadas para abrigar mísseis nucleares soviéticos. O presidente norte-americano John Kennedy logo comunicou sua população do risco existente com a possibilidade de um ataque altamente destrutivo, encarando o fato como um ato de guerra. Do outro lado do Atlântico, o Primeiro Ministro soviético Nikita Kruschev alegou que a base com os mísseis resultavam apenas de uma ação defensiva e serviriam também para impedir um nova invasão dos Estados Unidos à Cuba.
A Crise dos Mísseis de Cuba soou o alarme no mundo para uma nova guerra durante treze dias, sendo um dos momentos de maior tensão durante a Guerra Fria. A Crise dos Mísseis de Cuba é conhecida pelos russos como Crise Caribenha e pelos cubanos como Crise de Outubro.
Os dias de tensão fizeram a população americana correr na construção de abrigos pela possibilidade de uma guerra nuclear. A situação era aguda, ambas as potências possuíam armamento nuclear em grande quantidade e a ocorrência de ataques seria capaz de destruir completamente o inimigo e até mesmo a população do planeta.
Após o delicado período de negociações, no dia 28 de outubro, Nikita Kruschev conseguiu secretamente fazer com que os Estados Unidos retirassem seus mísseis da Turquia, tendo em contrapartida a retirada dos mísseis soviéticos de Cuba. O evento, embora alarmante, foi importante para lembrar ao mundo a capacidade de destruição que as armas nucleares possuem, o que levou no ano seguinte, em 1963, à assinatura de um acordo firmado entre Estados Unidos, União Soviética e Grã-Bretanha proibindo os testes nucleares na atmosfera, no alto-mar e no espaço. Alguns anos mais tarde, em 1968, a medida foi ampliada e 60 países assinaram o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.



segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Segundo Reinado



O Segundo Reinado iniciou-se com a declaração de maioridade de Dom Pedro II, realizada no dia 23 de julho de 1840. Na época, o jovem imperador tinha apenas quatorze anos de idade e só conseguiu ocupar o posto máximo do poder executivo nacional graças a um bem arquitetado golpe promovido pelos grupos políticos liberais. Até então, os conservadores (favoráveis à centralização política) dominaram o cenário político nacional.

Antes do novo regime monárquico, o período regencial foi caracterizado por uma política conservadora e autoritária que fomentou diversas revoltas no Brasil. As disputas políticas do período e o desfavor promovido em torno do autoritarismo vigente permitiram que a manobra em favor de Dom Pedro de Alcântara tivesse sustentabilidade política. Nos quarenta e nove anos subsequentes o Brasil esteve na mão de seu último e mais longevo monarca.

Para contornar as rixas políticas, Dom Pedro II contou com a criação de dispositivos capazes de agraciar os dois grupos políticos da época. Liberais e conservadores, tendo origem em uma mesma classe socioeconômica, barganharam a partilha de um poder repleto de mecanismos onde a figura do imperador aparecia como um “intermediário imparcial” às disputas políticas. Ao mesmo tempo em que se distribuíam ministérios, o rei era blindado pelos amplos direitos do irrevogável Poder Moderador.

A situação contraditória, talvez de maneira inesperada, configurou um período de relativa estabilidade. Depois da Revolução Praieira, em 1847, nenhuma outra rebelião interna se impôs contra a autoridade monárquica. Por quê? Alguns historiadores justificam tal condição no bom desempenho de uma economia impulsionada pela ascensão das plantações de café. No entanto, esse bom desempenho conviveu com situações delicadas provindas de uma economia internacional em plena mudança.

O tráfico negreiro era sistematicamente combatido pelas grandes potências, tais como a Inglaterra, que buscava ampliar seus mercados consumidores por aqui. A partir da segunda metade do século XIX, movimentos abolicionistas e republicanos ensaiavam discursos e textos favoráveis a uma economia mais dinâmica e um regime político moderno e inspirado pela onda republicana liberal.

Após o fim da desgastante e polêmica Guerra do Paraguai (1864 – 1870), foi possível observar as primeiras medidas que indicaram o fim do regime monárquico. O anseio por mudanças parecia vir em passos tímidos ainda controlados por uma elite desconfiada com transformações que pudessem ameaçar os seus antigos privilégios. A estranha mistura entre o moderno e o conservador ditou o início de uma república nascida de uma quartelada desprovida de qualquer apoio popular.


segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Período Regencial




O chamado Período Regencial no Brasil estendeu-se do ano de 1831 ao ano de 1840, quando houve o Golpe da Maioridade, que levou o ainda adolescente D. Pedro II ao poder. Esse período foi caracterizado por acirradas disputas políticas e conflitos armados (conhecidos como Revoltas Regenciais).

A partir de 1831, o Brasil viu-se sem o imperador, pois D. Pedro I abdicara do trono em favor de seu filho. O rei tinha assuntos políticos a resolver em Portugal com seu irmão, D. Miguel, a respeito da herança do trono português. Com a vacuidade do trono brasileiro, alguns políticos destacados encarregaram-se de reger a instituição imperial com o objetivo de sustentar a unidade da nação recém-independente até que D. Pedro II pudesse assumir. O Período da Regência foi dividido em três partes principais:

1) Regências Trinas (1831-1835)

2) Regência una de Feijó (1835-1838)

3) Regência una de Araújo Lima (1838-1840)

A fase das Regências Trinas dividiu-se em duas etapas. A primeira foi a Regência Trina Provisória (1831), que durou um curto período de dois meses e ficou caracterizada por salvaguardar a instituição da Regência Permanente e a composição de um gabinete ministerial. Essa salvaguarda era importante, haja vista que o Brasil ainda não possuía, nessa época, uma estrutura militar e um poder central coeso. Qualquer desleixo político podeira resultar na fragmentação do império. Essa fase foi composta pela tríade: Nicolau Pereira Campos Vergueiro, José Joaquim Carneiro de Campos e Francisco Lima e Silva.

A segunda fase da Regência Trina ficou conhecida como Regência Trina Permanente (1831-1835). Nesse período, efetivou-se o governo dos regentes, que ficaram sendo José da Costa Carvalho (o Marquês de Monte Alegre), Francisco Lima e Silva e João Bráulio Muniz. O gabinete ministerial dessa fase era eminentemente conservador. O Ministério da Justiça foi confiado à figura do padre Diogo Antônio Feijó, que tratou de instituir a Guarda Nacional, além de renovar os quadros militares e promover uma série de outras reformas, incluindo a elaboração do Ato Adicional, de 1834, que garantiria as eleições para um novo governo, composto por um só regente.

Feijó tornou-se uma figura destacada ao longo da Regência Trina Permanente e conseguiu vencer as eleições por uma margem de votos bem pequena com relação ao seu adversário, Holanda Cavalcanti, como assinala o historiador Boris Fausto a respeito do período em que Feijó esteve no poder:

“Nas eleições para a regência única, realizadas em abril de 1835, o padre Feijó derrotou seu principal competidor, Holanda Cavalcanti, proprietário rural de Pernambuco. O corpo eleitoral era extremamente reduzido, somando cerca de 6 mil eleitores. Feijó recebeu 2.826 votos, e Cavalcanti, 2.251. Pouco mais de dois anos depois, em setembro de 1838, Feijó renunciou. Ele sofrera pressões do Congresso, sendo acusado de não empregar suficiente energia na repressão aos farrapos, entre cujos chefes estava um de seus primos. Nas eleições que se seguiram, triunfou Pedro Araújo Lima, futuro marquês de Olinda, antigo presidente da Câmara e senhor de engenho em Pernambuco.” (Fausto, 2010)

A renúncia de Feijó conduziu a elite política a novas eleições, e Araújo Lima foi eleito o novo regente. Alguns autores veem a regência de Lima como regressiva com relação aos avanços do Ato Adicional de 1834. Todavia, a segunda metade da década de 1830, para o Brasil, foi repleta de turbulências, sobretudo pelas revoltas que ocorreram nas Províncias. Além da já citada por Boris Fausto, a Revolução Farroupilha, houve também a Sabinada, a Balaiada e a Cabanagem. Além dessas revoltas, houve também as revoltas de escravos, como a do Quilombo de Vassouras e a Revolta dos Malês.


segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Primeiro Reinado




Com a Independência em 1822, o Brasil não era mais colônia de Portugal. Iniciava-se então uma nova fase da história brasileira, denominada Brasil Império. O Primeiro Reinado (1822-1831) se constituiu como marco inicial dessa nova fase. D. Pedro I foi aclamado Imperador do Brasil no ano da Independência e permaneceu como maior chefe do país até 1831, ano de sua abdicação. 

A história do Primeiro Reinado foi marcada por fatos importantes para a política brasileira, como a Assembleia Constituinte (1823), a Constituição de 1824, a Confederação do Equador (1824), a Guerra da Cisplatina, em 1825, e a abdicação de D. Pedro I (1831).

No ano de 1822, D. Pedro I já havia convocado a Assembleia Constituinte, mas esta somente se reuniu em 1823. O principal objetivo da convocação seria a elaboração de uma Constituição para o Brasil, ou seja, a criação de um conjunto de leis que asseguraria os direitos do governo e da população brasileira. Somente membros da elite (latifundiários, comerciantes, militares...) participaram da elaboração da Constituição de 1824.

Essa constituição, ou seja, a primeira Constituição do Brasil, tinha um caráter elitista e excludente: deu total poder a D. Pedro I, enquanto o direito de votar e de se candidatar ficaria restrito a quem tivesse uma renda mínima por ano.

Inconformados com o caráter elitista da Constituição de 1824 e com o uso de um poder centralizador por parte de D. Pedro I, representantes de algumas províncias do nordeste (mais precisamente em Pernambuco, onde eclodiu a Confederação do Equador, movimento contra a tirania do imperador) defendiam a federação de algumas províncias do nordeste e a separação destas do Brasil. O movimento foi sufocado com extrema violência pela tropa imperial.

Durante o Primeiro Reinado, outro fato importantíssimo na história do Brasil foi a Guerra da Cisplatina (1825). O conflito teve início quando um grupo de dirigentes da província Cisplatina declarou a separação do Brasil e a sua incorporação à República Argentina. D. Pedro declarou guerra à Argentina e o exército brasileiro foi derrotado causando grandes prejuízos pelos enormes gastos e grande número de soldados mortos. A Inglaterra interveio no conflito, pressionando o Brasil e a Argentina a assinar um acordo de paz. Assim, a província Cisplatina declarou sua independência desses dois países, tornando-se a República do Uruguai.

No decorrer do Primeiro Reinado, D. Pedro começou a desagradar a elite brasileira, pois criou uma Constituição que iria atender a seus interesses autoritários. Além disso, a Confederação do Equador e a Guerra da Cisplatina causaram grandes gastos para a economia brasileira e muitas mortes.

Muitos jornalistas, através de seus jornais, teciam duras críticas ao imperador. Outro fato que manchou ainda mais a imagem do imperador foi o assassinato do jornalista e médico Líbero Badaró, grande opositor de D. Pedro.

A abdicação de D. Pedro aconteceu no ano de 1831, tanto pela pressão política que o imperador sofria da elite e populares brasileiros, quanto pela tentativa de assegurar os direitos de sua filha, Maria da Glória, pois, com a morte de D. João VI, a Coroa portuguesa iria, por direito, a D. Pedro I, que preferiu abdicar o trono português em benefício da filha e deixou o trono brasileiro para seu filho Pedro de Alcântara, que se encontrava então com cinco (5) anos de idade. Assim terminava o Primeiro Reinado.



segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Período Joanino




A chegada da família real portuguesa no Brasil marcou intensamente os destinos do Brasil e da Europa. Pela primeira vez na história, um rei europeu transferia a capital de seu governo para o continente americano. Escoltados por embarcações britânicas, cerca de 10 mil pessoas fizeram a viagem que atravessou o oceano Atlântico. Sofrendo diversos inconvenientes durante a viagem, os súditos da Coroa Portuguesa enfrentaram uma forte tempestade que separou o comboio de embarcações. Parte dos viajantes aportou primeiramente na Bahia e o restante na cidade do Rio de Janeiro.

Responsabilizados por escoltar a Família Real e defender as terras portuguesas da invasão napoleônica, os ingleses esperavam vantagens econômicas em troca do apoio oferecido. Já na Bahia, D. João, orientado pelo economista Luz José da Silva Lisboa, instituiu na Carta Régia de 1808 a abertura dos portos a “todas as nações amigas”. A medida encerrava o antigo pacto colonial que conduziu a dinâmica econômica do país até aquele momento.

Além de liberar o comércio, essas medidas trouxeram outras importantes conseqüências de ordem econômica. O contrabando sofreu uma significativa diminuição e os recursos arrecadados pela Coroa também aumentaram. Ao mesmo tempo, os produtos ingleses tomaram conta do país, impedindo o desenvolvimento de manufaturas no Brasil, as cidades portuárias tiveram notório desenvolvimento. Dois anos mais tarde, o decreto de 1808 transformou-se em um tratado permanente.

No ano de 1810, os Tratados de Aliança e Amizade e de Comércio e Navegação, fixaram os interesses britânicos no mercado brasileiro. Foram estabelecidas taxas alfandegárias preferenciais aos produtos ingleses. Os produtos ingleses pagavam taxas de 15%, os portugueses de 16% e as demais nações estrangeiras pagariam uma alíquota de 24%. Além desses valores, o tratado firmava um compromisso em que o tráfico negreiro seria posteriormente extinguido.

Além de trazer transformações no jogo econômico, o governo de Dom João VI empreendeu outras mudanças. Adotada como capital do império, a cidade do Rio de Janeiro sofreu diversas modificações. Missões estrangeiras vieram ao país avaliar as riquezas da região, a Biblioteca Real foi construída, o primeiro jornal do país foi criado. Além disso, novos prédios públicos foram estabelecidos. A Casa da Moeda, Banco do Brasil, a Academia Real Militar e o Jardim Botânico foram algumas das obras públicas do período joanino.

Nas questões externas, Dom João VI empreendeu duas campanhas militares nas fronteiras do país. No ano de 1809, tropas britânicas e portuguesas conquistaram a cidade de Caiena, capital da Guina Francesa. A manobra, que tinha por objetivo agredir o governo francês, colocou a região sob o domínio do Brasil até quando o Congresso de Viena restituiu a região à França. No ano de 1817, as tropas imperiais invadiram a Província Cisplatina.

Essa nova investida militar era importante por razões diversas. Além de ser uma região de rico potencial econômico, o domínio sob a região da Cisplatina impedia uma possível invasão napoleônica às colônias da Espanha, que havia sido dominada pelas tropas francesas. Dez anos depois, um movimento de independência pôs fim à anexação da Cisplatina, dando origem ao Uruguai.

Em 1815, a administração joanina elevou o Brasil à condição de Reino Unido. Essa nova nomeação extinguiu politicamente a condição colonial do país. Inconformados, os lusitanos que permaneceram em Portugal se mostravam insatisfeitos com o fato do Brasil tornar-se a sede administrativa do governo português. Foi quando, em 1820, um movimento revolucionário lutou pelo fim da condição política secundária de Portugal. A chamada Revolução do Porto criou um governo provisório e exigiu o retorno de Dom João VI a Portugal.

Temendo a perda do seu poder, Dom João VI foi pra Portugal e deixou o seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente do Brasil. Os revolucionários, mesmo inspirados por princípios liberais, exigiram a volta do pacto colonial. No Brasil, as repercussões desses acontecimentos impulsionaram a formação de um movimento que possibilitou a independência do Brasil.



segunda-feira, 28 de agosto de 2017

A crise do feudalismo



A crise do feudalismo é um processo de longa duração que conta com uma série de fatores determinantes. Entre outros pontos, podemos destacar que a mudança nas relações econômicas foi de grande importância para que as práticas e regras que regulavam o interior dos feudos sofressem significativas transformações. Essa nova configuração econômica, pouco a pouco, influiu na transformação nos laços sociais e nas ideias que sustentavam aquele tipo de ordenação presente em toda a Europa. 

O caráter auto-sustentável dos feudos perdeu espaço para uma economia mais integrada às trocas comerciais. Ao mesmo tempo, a ampliação do consumo de gêneros manufaturados e especiarias, e a crise agrícola dos feudos trouxeram o fim do equilíbrio no acordo estabelecido entre servos e senhores feudais. Essa fase de instabilidade envolvendo as relações servis trouxe à tona um duplo movimento de reorganização dos feudos.

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Por um lado, as relações feudais em algumas regiões sofrerem um processo de relaxamento que dava fim a toda rigidez constituída na organização do trabalho. Os senhores de terra, cada vez mais interessados em consumir produtos manufaturados e adquirir especiarias, passavam a estreitar relações com a dinâmica econômica urbana e comercial. Para tanto, acabavam por dar mais espaço para o trabalho assalariado ou o arrendamento de terras em troca de dinheiro. 

Entretanto, não podemos dizer que a integração e a monetarização da economia faziam parte de um mesmo fenômeno absoluto. Em algumas regiões, principalmente da Europa Oriental, o crescimento demográfico e a perda da força de trabalho para a economia comercial incentivaram o endurecimento das relações servis. Imbuídos de seu poder político, muitos senhores de terra da Rússia e de partes do Sacro Império Germânico passariam a exigir mais obrigações e impostos da população campesina. 

De forma geral, esse processo marcou um período de ascensão da economia européia entre os séculos XII e XIII. No entanto, o século seguinte seria marcado por uma profunda crise que traria grande reformulação (ou crise) ao mundo feudal. Entre 1346 e 1353, uma grande epidemia de peste bubônica (peste negra) liquidou aproximadamente um terço da população européia. Com isso, a disponibilidade de servos diminuiu e os salários dos trabalhadores elevaram-se significativamente. 

Esse processo fez com que as obrigações servis fossem cada vez mais rígidas, tendo em vista a escassez de trabalhadores. Os grandes proprietários de terra acabaram criando leis que dificultavam a saída dos servos de seus domínios ou permitia a captura daqueles que fugissem das terras. A opressão dos senhores acabou incitando uma série de revoltas camponesas em diferentes pontos da Europa. Essas diversas rebeliões ficaram conhecidas como “jacqueries”. 

No século XV, o declínio populacional foi superado reavivando a produção agrícola e as atividades comerciais. Essa fase de recuperação ainda não foi capaz de resolver as transformações ocorridas naquela época. A baixa produtividade dos feudos não era capaz de atender a demanda alimentar dos novos centros urbanos em expansão que, ao mesmo tempo, tinham seu mercado consumidor limitado pela grande população rural. 

Além disso, o comércio sofria grandes dificuldades por conta dos monopólios que dificultavam e encareciam a circulação de mercadorias pela Europa. Os árabes e os comerciantes da Península Itálica eram os principais responsáveis por esse encarecimento das especiarias vindas do Oriente. A falta de moedas, ocorrida por conta da escassez de metais preciosos e o escoamento das mesmas para os orientais, impedia o desenvolvimento das atividades comerciais. 

Tantos empecilhos gerados à economia do século XV só foram superados com a exploração de novos mercados que pudessem oferecer metais, alimentos e produtos. Esses mercados só foram estabelecidos com o processo de expansão marítima, que deflagrou a colonização de regiões da África e da América. Dessa forma, a economia mercantilista dava um passo decisivo para que um grande acúmulo de capitais se estabelecesse no contexto econômico europeu.

domingo, 20 de agosto de 2017

Revoluções Inglesas século XVII



A Revolução Inglesa do século XVII representou a primeira manifestação de crise do sistema da época moderna, identificado com o absolutismo. O poder monárquico, severamente limitado, cedeu a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento e instaurou-se o regime parlamentarista que permanece até hoje. O processo começou com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução Gloriosa de 1688.
As duas fazem parte de um mesmo processo revolucionário, daí a denominação de Revolução Inglesa do século XVII e não Revoluções Inglesas. Esse movimento revolucionário criou as condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII, abrindo espaço para o avanço do capitalismo. Deve ser considerada a primeira revolução burguesa da história da Europa, a qual antecipou em 150 anos a Revolução Francesa.
A Vida Social Antes da Revolução Inglesa
Com a Dinastia Tudor, a Inglaterra teve muitas conquistas, que serviram de base para o desenvolvimento econômico do país. Os governos de Henrique VIII e de sua filha Elisabeth I trouxeram a unificação do país e o afastamento do Papa, além de confiscar os bens da Igreja Católica e ao mesmo tempo criar o anglicanismo,  e entrar na disputa por colônias com os espanhóis.
Foi com esses monarcas que também ocorreu a formação de monopólios comerciais, como a Companhia das Índias Orientais e dos Mercadores Aventureiros. Isso serviu para impedir a livre concorrência, embora a ação tenha sufocado alguns setores da burguesia. Então, resultou na divisão da burguesia de um lado, os grandes comerciantes que gostaram da política de monopólio, e de outro a pequena burguesia, que queria a livre concorrência.
Outro problema era a detenção de privilégios nas mãos das corporações de ofício. Uma outra situação problemática era na zona rural, com a alta dos produtos agrícolas as terras foram valorizadas. Isso gerou os cercamentos, isto é, os grandes proprietários rurais queriam aumentar suas terras expropriando as terras coletivas, transformando-as em particulares. O resultado foi a expulsão de camponeses do campo e a criação de grandes propriedades para a criação de ovelhas e para a produção de lã, condições imprescindíveis para a Revolução Industrial. 
Para não deixar o conflito entre camponeses e grandes proprietários aumentar, o governo tentou impedir os cercamentos. Claro que, com essa ação a nobreza rural, Gentry (a nobreza progressista rural) e a burguesia mercantil foram fortes oponentes.
Para Entender a Revolução Inglesa
Dinastia Stuart
Essa dinastia iniciou-se após a morte da rainha Elisabeth I, em 1603, que ao morrer sem deixar herdeiros, promoveu o início da Dinastia Stuart. 
JAIME I, rei da Escócia (1603-1625). 
Dissolve o parlamento várias vezes e tentou implantar uma monarquia absolutista baseada no direito divino, perseguiu os católicos e seitas menores, sob o pretexto que eles estavam organizando a Conspiração da Pólvora (eliminar o Rei), em 1605. Muitos que ficaram descontentes começaram a ir para a América do Norte. Os atritos entre o Rei e o Parlamento ficaram fortes e intensos, principalmente depois de 1610. Em 1625, houve a morte de Jaime I e seu filho Carlos I, assumiu o poder.
CARLOS I, sucessor de Jaime I (1625- 1648).
 Tentou continuar uma política absolutista e estabelecer novos impostos, mas foi impedido de fazer isso pelo parlamento. Em 1628, com tantas guerras, o rei viu-se obrigado a convocar o parlamento, que sujeitou o rei ao juramento da “Petição dos Direitos” (2 Carta Magna inglesa)  - garantia a população contra os tributos e detenções ilegais. O parlamento queria o controle da política financeira e do exército, além de regularizar a convocação do parlamento. A resposta real foi bem clara: a dissolução do parlamento, que voltaria a ser convocado em 1640. O rei Carlos I governou sem parlamento, mas buscou o apoio da Câmara Estrelada, uma espécie de tribunal ligado ao Conselho Privado do Rei. Também tentou impor a religião anglicana aos calvinistas escoceses (presbiterianos).  Isso gerou rebeliões por parte dos escoceses, que invadiram o norte da Inglaterra. Com isso, o rei viu-se obrigado a reabrir o parlamento em abril de 1640 para obter ajuda da burguesia e da Gentry. Mas o parlamento tinha mais interesse no combate ao absolutismo. Por isso, foi fechado novamente. Em novembro do mesmo ano foi convocado de novo. Desta vez ficou como o longo parlamento, que se manteve até 1653.
A Guerra Civil (1641-1649)
A guerra civil inglesa estendeu-se de 1641 a 1649, dividiu o país e foi um marco importante na Revolução Inglesa. De um lado havia os cavaleiros, o exército fiel ao rei e apoiado pelos senhores feudais. Do outro, os Cabeças Redondas, visto que não usavam perucas e estavam ligados à Gentry, eram forças que apoiavam o parlamento. Em 1641, começava a guerra civil. O rei teve o apoio dos aristocratas do oeste e do norte, juntamente com uma parte dos ricos burgueses, que estavam preocupados com as agitações sociais.
Em contrapartida, o exército do parlamento foi comandado por Oliver Cromwell, formado por camponeses, burgueses de Londres e a Gentry. Os Cabeças Redondas derrotaram os Cavaleiros na Batalha de Naseby em 1645. Carlos I perdeu a guerra e fugiu para a Escócia. Lá, foi preso e vendido para o parlamento inglês, que por sua vez mandou executar o monarca. Ao tomar esta decisão, a sociedade representada pelo parlamento rompia com a ideia da origem divina do rei e de sua incontestável autoridade. Assim, a guerra civil fomentou novas ideias, lançando as bases políticas do mundo contemporâneo. 
A Revolução Puritana (1649-1658)
O governo de Oliver Cromwell atendia aos interesses burgueses. Quando começou a haver rebeliões na Escócia e na Irlanda, ele as reprimiu com brutalidade. Oliver procurou eliminar a reação monarquista. Fez uma “limpeza” no exército. Executou os líderes escavadores (trabalhadores rurais que queriam tomar terras do estado, nobreza e clero). Com tantas execuções, os menos favorecidos ficaram à “mercê da sorte” e acabaram por entrar em movimentos religiosos radicais.
Uma medida para combater os holandeses e fortalecer o comércio foram os Atos de Navegação. Essa lei resumia-se no seguinte: o comércio com a Inglaterra só poderia ser feito por navios ingleses ou dos países que faziam negócios com a Inglaterra.
 Em 1653, Oliver autonomeou-se Lorde Protetor da República. Seus poderes eram tão absolutos quanto os de um rei. Mas ele recusou-se a usar uma coroa, embora na prática agisse como um soberano. Com apoio dos militares e burgueses, impôs a ditadura puritana, governando com rigidez e intolerância, e com ideias puritanas. Ele morreu em 1658 e seu filho Richard Cromwell assumiu o poder. Mas este logo foi deposto em 1659.
A Volta dos Stuart e a Revolução Gloriosa (1660 -1688)
Carlos II, (1660 – 1685) da família Stuart, é proclamado rei da Inglaterra com poderes limitados. Por isso, estreitou ligações com o rei francês Luis XIV, o que logo manchou sua reputação com o parlamento. Carlos II baixou novos Atos de Navegação favoráveis ao comércio inglês. Envolveu-se na guerra contra a Holanda. Em 1673, o parlamento aprovou a lei do teste: todo o funcionário público deveria professar o anticatolicismo. Com essas atitudes o parlamento ficou dividido em dois grupos: os Whigs, que eram contra o rei e favoráveis às mudanças revolucionárias além de serem ligados a burguesia, e os Tories, que eram defensores feudais e ligados à antiga aristocracia feudal.
Jaime II (1685 – 1688). Com a morte de Carlos II, seu irmão Jaime II assume o governo. Este tomou medidas drásticas: quis restaurar o absolutismo, o catolicismo, também punia os revoltosos  com a negação do habeas corpus, proteção à prisão sem motivo legal. O parlamento não tolerou esse comportamento e convocou Maria Stuart, filha de Jaime II e esposa de  Guilherme de Orange, para ser a rainha. Com isso, o rei foge para a França e Maria Stuart e seu esposo tornaram-se monarcas ingleses. Este assinou a Declaração dos Direitos (o rei não podia cancelar as leis parlamentares; o reino poderia ser entregue a quem o parlamento quisesse, após a morte do rei; inspetores controlariam as contas reais; e o rei não deveria manter um exército em épocas de paz), o qual concedia amplos poderes ao Parlamento. Essa foi a Revolução Gloriosa.