No século XVIII, a ascensão da economia mineradora trouxe um intenso processo de criação de centros urbanos pela colônia acompanhada pela formação de camadas sociais intermediárias. Os filhos das elites mineradoras, buscando concluir sua formação educacional, eram enviados para os principais centros universitários europeus. Nessa época, os ideais de igualdade e liberdade do pensamento iluminista espalhavam-se nos meios intelectuais da Europa.
Na segunda metade do século
XVIII, a economia mineradora dava seus primeiros sinais claros de
enfraquecimento. O problema do contrabando, o escasseamento das reservas
auríferas e a profunda dependência econômica fizeram com que Portugal aumentasse
os impostos e a fiscalização sobre as atividades empreendidas na colônia. Entre
outras medidas, as cem arrobas de ouro anuais configuravam uma nova modalidade
de cobrança que tentava garantir os lucros lusitanos.
No entanto, com o progressivo
desaparecimento das regiões auríferas, os colonos tinham grandes dificuldades
em cumprir a exigência estabelecida. Portugal, inconformado com a diminuição
dos lucros, resolveu empreender um novo imposto: a derrama. Sua cobrança
serviria para complementar os valores das dívidas que os mineradores acumulavam
junto à Coroa. Sua arrecadação era feita pelo confisco de bens e propriedades
que pudessem ser de interesse da Coroa.
Esse imposto era extremamente
impopular, pois muitos colonos consideravam sua prática extremamente abusiva.
Com isso, as elites intelectuais e econômicas da economia mineradora,
influenciadas pelo iluminismo, começaram a se articular em oposição à dominação
portuguesa. No ano de 1789, um grupo de poetas, profissionais liberais,
mineradores e fazendeiros tramavam tomar controle de Minas Gerais. O plano
seria colocado em prática em fevereiro de 1789, data marcada para a cobrança da
derrama.
Aproveitando da agitação contra
a cobrança do imposto, os inconfidentes contaram com a mobilização popular para
alcançarem seus objetivos. Entre os inconfidentes estavam poetas como Claudio
Manoel da Costa e Tomas Antonio Gonzaga; os padres Carlos Correia de Toledo, o
coronel Joaquim Silvério dos Reis; e o alferes Tiradentes, um dos poucos
participantes de origem popular dessa rebelião. Eles iriam proclamar a
independência e a proclamação de uma república na região de Minas.
Com a aproximação da cobrança
metropolitana, as reuniões e expectativas em torno da inconfidência tornavam-se
cada vez mais intensas. Chegada a data da derrama, sua cobrança fora revogada
pelas autoridades lusitanas. Nesse meio tempo, as autoridades metropolitanas
estabeleceram um inquérito para apurar uma denúncia sobre a insurreição na
região de Minas. Através da delação de Joaquim Silvério dos Reis, que denunciou
seus companheiros pelo perdão de suas dívidas, várias pessoas foram presas
pelas autoridades de Portugal.
Tratando-se de um movimento
composto por influentes integrantes das elites, alguns poucos denunciados foram
condenados à prisão e ao degredo na África. O único a assumir as
responsabilidades pela trama foi Tiradentes. Para reprimir outras possíveis
revoltas, Portugal decretou o enforcamento e o esquartejamento do inconfidente
de origem menos abastada. Seu corpo foi exposto nas vias que davam acesso a
Minas Gerais. Era o fim da Inconfidência Mineira.
Portanto, mesmo tendo caráter separatista, os inconfidentes impunham limites ao seu próprio projeto.
Não pretendiam dar fim à escravidão africana e não possuíam algum tipo de ideal
que lutasse pela independência da “nação brasileira”. Dessa forma, podemos ver
que a inconfidência foi um movimento restrito e incapaz de articular algum tipo
de mobilização que definitivamente desse fim à exploração colonial lusitana.
otimo texto.
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