Na
década de 1870 a Argentina impressionava pela sua arquitetura e regiões como os
pampas. Buenos Aires era a região mais urbanizada e logicamente na qual se
instalava o centro administrativo argentino. Neste período, na faixa costeira
do estuário do Prata e do Paraná, era praticada a principal atividade comercial
do período. Isso fez com que Buenos Aires se tornasse cada vez mais importante
na qualidade de centro comercial e urbano na Argentina. Essa principal
atividade comercial era o gado. Negócio que não exigia muito capital de
investimento e não solicitava grande mão de obra.
No decorrer do século XIX a
argentina aumentou gradualmente seus lucros com o comercio envolvendo o gado.
Com isso surge a visão de investimentos em outras áreas, um exemplo disso foi a
criação de ovelha para a obtenção de lã. Durante toda a evolução comercial
argentina o gado foi o “protagonista” da economia, contudo, além da produção de
lã, a argentina mantinha em paralelo a criação de gado uma agricultura estável
e produtiva.
O gado estruturou a economia
argentina na exportação de charque. Desta forma, os outros cortes passaram a
ser usados no consumo interno. Isso fez acelerar não só o comercio externo,
como manteve viva a atividade comercial interna.
Um fator de grande problema a
produção argentina foi a questão das terras. Com o grande crescimento comercial
e a importação de charque absorvendo toda a produção, a Argentina se viu com
pouco espaço produtivo e iniciou-se uma reestruturação da produção agrícola e
pecuária, visando assim um aumento de matéria prima e uma grande e favorável
expansão territorial. Com a expansão territorial estruturada o problema migrou
para outra questão. Com uma grande produção e um mercado cada vez mais solícito
a escassez de mão de obra surge e deixa a produção comprometida. Como saída
estratégica a Argentina lança mão da mão de obra imigrante e inicia uma
política de imigração para o trabalho agropecuário. Com o trabalho imigrante já
ocorrendo o governo se preocupa com um dado alarmante. Já em 1914 existiam mais
homens na força de trabalho imigrantes do que argentinos. Com isso fica claro
que a grande influencia imigrante na força de trabalho contribuiu para uma
relativa mudança no cenário socioeconômico argentino, com contribuição direta
no aumento populacional, na oferta sempre em ascensão de mão de obra para o
mercado de trabalho e nas técnicas implantadas na produção. Com isso ocorre
neste setor uma variação de perfil do trabalhados, mesclando migração X mão de
obra se obteve novas formas produtivas. De maneira lógica percebe-se que o
aumento da oferta de mão de obra esta diretamente relacionado ao aumento da
importação, assim, pode-se dizer que a “fama” da produção e comércio argentino
fez aumentar a demanda de mão de obra imigrante.
Durante este processo observa-se que
enquanto fazendeiros lucravam alto, os trabalhadores não recebiam “ um quinhão”
proporcional ao aumento dos lucros. Ou seja, trabalho tinha, mais também tinha
muita mão de obra. O que fez banalizar a mão de obra derrubando os salários.
Isso sem contar que com tanta imigração e o aumento relativo da população,
tanto por imigrantes como por natalidade, começa a ter um grande número de
pessoas desempregadas, diminuindo com isso o poder de compra e gerando problemas
como o aumento da inflação. Os produtores não abriam mão dos seus negócios
mantendo. Com isso ocorre um aumento dos preços dos produtos internos e
mantendo o valor nos produtos exportados. Isso contribuiu ainda mais para
prejudicar a questão econômica e social na Argentina.
Neste período a economia argentina
era primitiva, por isso o capital era escasso. Esse dado permite entender a
dependência do pais frente a Inglaterra. Quase todo foco de operações bancárias
era o comércio. A Argentina garantiu o investimento no comércio com fundos
vindos da Inglaterra. Contudo, não é correto mencionar que todo capital foi de
origem estrangeira. O capital interno também desempenhou um papel relevante no
melhoramento de terra e de gado, assim como, na urbanização da capital.
A construção econômica da argentina
se dividiu em três períodos: o primeiro período começa com o término da crise
de 1873 – 1876 e que alcança seu melhor momento com o “crash” 1890, apesar de
recessão o período também teve uma grande expansão econômica. O segundo período
tem seu inicio em 1890 e acaba na segunda metade desta mesma década, teve um
período de depressão. E no final, o terceiro período teve uma grande expansão
econômica também, se mantendo ate 1912. Como toda evolução econômica, problemas
ocorreram com a moeda argentina necessitando de intervenções políticas para
contornar a situação. Com isso dividas foram formadas chegando a um montante de
100 milhões de pesos em 1885 e 300 milhões de peso em 1892. Fato preocupante e
que refletiu na economia argentina promovendo um déficit econômico importante.
O ano de 1891 foi considerado o auge da crise financeira do período. Mesmo em
crise alguns setores continuaram crescendo, um exemplo foi o setor de
construção civil. Este não dependia dos insumos importados e por isso se
manteve em alta.
O período de 1900 a 1912 teve dois
fatores fundamentais: a produção de cereais e o aumento do valor da carne na
exportação. Isso promoveu inúmeros investimentos nos setores e uma inovação
tecnológica se viu implantada, o transporte refrigerado da carne, item que se
tornou diferencial e procedimento chave na logística de distribuição dos cortes
de gado. Outro surgimento logístico tecnológico foi a utilização de ferrovias
como escoamento de mercado foi fundamental para a construção de uma rede
ferroviária e, esta, um impacto sobre a formação dos mercados. Com o aumento da
logística de transporte da produção, criou-se alguns centros urbanos, prova
cabal do crescimento proporcional dos avanços tecnológicos.
Uma reforma monetária buscou o
saneamento econômico argentino, assim a obtenção de matéria prima mais em conta
foi um diferencial do período. Altos e baixos, valorização e desvalorização do
peso e da economia argentina deixaram o setor sócio econômico argentino abalado.
Até a segunda guerra mundial, passando é claro pela primeira guerra, interferiu
na importação dos produtos argentinos. Medidas econômicas foram tomadas no
intuito de minimizar tal problema, mantendo assim, na medida do possível a
estabilidade da economia argentina.
Portanto, pode-se observar que a
estruturação político econômico social da argentina, foi diretamente ligada a
pecuária e a agricultura, tendo ainda como coadjuvantes outras formas de
produção como a lã. Esta produção manteve o mercado comercial argentino
aquecido e sempre em evolução, tanto no comercio externo como no interno. As
inúmeras crises ocorridas na argentina, o crash de 1889 por exemplo, permitiram
o amadurecimento político e econômico, assim como, a criação de novas formas comercias.
Outra questão bem discutida foi a
questão da necessidade de terras e mão de obra. Este problema foi solucionado
através de contratação de Mão de obra imigrante e uma reestruturação da
produção o que permitiu uma expansão das terras. Estes mesmos imigrantes
ajudaram no aumento da população, assim como, na implantação de novas técnicas
de trabalho, contribuindo desta forma para uma mescla na forma de produção.
Por mais que a Argentina tenha
passado por problemas econômicos, no período analisado, 1870 ate 1930, nota-se
um grande empenho político para que o pais não caia em recessão, mesmo tendo
ele passado por algumas. As questões salariais e de desvalorização da mão de
obra, assim como, a divisão desproporcional dos lucros da produção foram amplamente
discutidas e, de forma lamentável, não resolvidas pelo governo. Fica claro que
desde sua estruturação sócio político econômica a argentina se manteve sempre
em ascensão e se manteve firme quando em suas crises financeiras, localizando
sempre um melhor método para “sobreviver” a turbulência. Sem dúvida o
amadurecimento político e econômico proporcionou a Argentina um lugar de
destaque nos países da América latina.