Em
1902, na cidade do Rio de Janeiro, tomava posse como Prefeito, o político
Francisco Pereira Passos. Um engenheiro de Piraí que fora agraciado com esta
grande missão. Inicia seu governo cheio de ideias e visões grandiosas para a
“cidade da morte”, forma como o próprio Pereira Passos se referia a Cidade do
Rio de Janeiro. Tinha como política, o saneamento da cidade e a transformação
da mesma em uma capital francesa no Brasil, uma “Paris dos trópicos”.
Alargamentos de ruas e vielas que eram extremamente estreitas e sinuosas,
construção de grandes boulevares, reestruturação do porto da cidade, ou seja,
um embelezamento generalizado era seu principal objetivo político.
No meio desta política, o médico
sanitarista Oswaldo Cruz, aparece como o redentor dos problemas de saúde
pública na cidade do Rio de Janeiro. A informação de que os famosos cortiços,
muito citados por Jane Santucci em sua obra, Cidade Rebelde, eram extremamente
perigosos para a saúde humana, ou seja, insalubres, fez com que o prefeito
desse a ordem de por tudo abaixo. De forma irônica o movimento oriundo deste
ato do governo denominou-se: “Movimento do Bota Abaixo”. Não sendo o bastante
para o médico que tinha com o objetivo “salvar o mundo”, coloca em prática a
vacinação compulsória contra a varíola, sempre em nome do bem público.
Dando um salto para 1910, Bento Ribeiro
toma posse e assume a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Mesmo ano que
João Candido - aquele que se intitulou “almirante negro” - lidera um grupo, ou
melhor, lidera uma esquadra contra a forma como a marinha realizava as punições
em seus militares, que apanhavam com chibatas, muitas vezes por não limpar o
convés. Este ato não poderia receber outro nome senão: “A revolta da Chibata”,
movimento muito bem argumentado por Maria Inês Roland em sua obra a Revolta da
Chibata – 1910.
Violência gratuita cerceava a cidade e
sua população. Período em que questões sociais eram casos de polícia, que vadiagem
era crime de prisão e que negros ainda eram vistos como um ser subjugado, que
outra conduta poderia tomar o governo senão utilizar da força para reprimir
atos reivindicatórios? Na república velha era assim, ou faz como o governo
manda ou então era “tiro, porrada e Bomba”.
Contudo, nesta
pequena viagem no tempo, que nos leva de 1902 até 1914, ficou implícita uma
pergunta de proporções incalculáveis: E A POPULAÇÃO? É justamente dela que este artigo vai tratar. Mais precisamente como se organizaram em movimentos tão bem
articulados, uma vez que tais movimentos não foram planejados, apenas eclodiram
em uma junção catastrófica de acontecimentos acumulados ha tempos. Será que
aceitaram de bom grado serem expulsos de suas casas? Será que maridos conservadores
aceitaram homens com seringas em punho pegando nos braços de suas esposas e as
“ferir” sem nem lhes dar explicações? Como reagiram os marinheiros a tantos
castigos físicos que há anos eram submetidos? Como o Governo e a Polícia se
posicionaram frente aos acontecimentos? Estas e outras perguntas possuem
respostas diretas, indiretas, questionáveis, objetivas e subjetivas, que serão
tratadas de forma crítica e comparativa leia mais...
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