terça-feira, 25 de outubro de 2016

As revoltas populares do início do século XX...será que hoje é diferente?!


    
     Em 1902, na cidade do Rio de Janeiro, tomava posse como Prefeito, o político Francisco Pereira Passos. Um engenheiro de Piraí que fora agraciado com esta grande missão. Inicia seu governo cheio de ideias e visões grandiosas para a “cidade da morte”, forma como o próprio Pereira Passos se referia a Cidade do Rio de Janeiro. Tinha como política, o saneamento da cidade e a transformação da mesma em uma capital francesa no Brasil, uma “Paris dos trópicos”. Alargamentos de ruas e vielas que eram extremamente estreitas e sinuosas, construção de grandes boulevares, reestruturação do porto da cidade, ou seja, um embelezamento generalizado era seu principal objetivo político.
No meio desta política, o médico sanitarista Oswaldo Cruz, aparece como o redentor dos problemas de saúde pública na cidade do Rio de Janeiro. A informação de que os famosos cortiços, muito citados por Jane Santucci em sua obra, Cidade Rebelde, eram extremamente perigosos para a saúde humana, ou seja, insalubres, fez com que o prefeito desse a ordem de por tudo abaixo. De forma irônica o movimento oriundo deste ato do governo denominou-se: “Movimento do Bota Abaixo”. Não sendo o bastante para o médico que tinha com o objetivo “salvar o mundo”, coloca em prática a vacinação compulsória contra a varíola, sempre em nome do bem público.
Dando um salto para 1910, Bento Ribeiro toma posse e assume a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Mesmo ano que João Candido - aquele que se intitulou “almirante negro” - lidera um grupo, ou melhor, lidera uma esquadra contra a forma como a marinha realizava as punições em seus militares, que apanhavam com chibatas, muitas vezes por não limpar o convés. Este ato não poderia receber outro nome senão: “A revolta da Chibata”, movimento muito bem argumentado por Maria Inês Roland em sua obra a Revolta da Chibata – 1910.
Violência gratuita cerceava a cidade e sua população. Período em que questões sociais eram casos de polícia, que vadiagem era crime de prisão e que negros ainda eram vistos como um ser subjugado, que outra conduta poderia tomar o governo senão utilizar da força para reprimir atos reivindicatórios? Na república velha era assim, ou faz como o governo manda ou então era “tiro, porrada e Bomba”.
      Contudo, nesta pequena viagem no tempo, que nos leva de 1902 até 1914, ficou implícita uma pergunta de proporções incalculáveis: E A POPULAÇÃO? É justamente dela que este artigo vai tratar. Mais precisamente como se organizaram em movimentos tão bem articulados, uma vez que tais movimentos não foram planejados, apenas eclodiram em uma junção catastrófica de acontecimentos acumulados ha tempos. Será que aceitaram de bom grado serem expulsos de suas casas? Será que maridos conservadores aceitaram homens com seringas em punho pegando nos braços de suas esposas e as “ferir” sem nem lhes dar explicações? Como reagiram os marinheiros a tantos castigos físicos que há anos eram submetidos? Como o Governo e a Polícia se posicionaram frente aos acontecimentos? Estas e outras perguntas possuem respostas diretas, indiretas, questionáveis, objetivas e subjetivas, que serão tratadas de forma crítica e comparativa leia mais...


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