O documentário relata uma história “encontrada ao acaso” em uma sala de aula, onde uma aluna reconhece a suástica (adotada como um símbolo nazista) e diz que há tijolos na fazenda de sua família com aquele mesmo símbolo. A partir dai o historiador Sidney interessou-se e começou a pesquisar a fundo a história da fazenda Cruzeiro do Sul.
Em decorrência dos estudos do historiador foi descoberto que a fazenda pertencia a um dos integrantes da família Rocha Miranda, família essa importantíssima para AIB (ação integralista brasileira) que era um movimento político fascista. Os quatro citados no documentário são Octavio, Osvaldo, Sérgio e Renato Rocha Miranda, que eram netos do Barão do Bananal, um importante agropecuarista e político. Sérgio era o proprietário da fazenda Cruzeiro do Sul, ondem era confeccionados os tijolos com a suástica e nessa mesma fazenda os gados eram marcados com o mesmo símbolo.
Ao passo que os estudos eram aprofundados Sidney foi entendendo os movimentos / ações daquela família. Naquela região fora realizado supostamente um projeto educacional de inspiração eugênica. A eugenia aparece nessa época (Década 1920/ 30) como uma proposta cientifica, politica e cultural aceita; era uma pseudo ciência na qual estudava as condições mais propícias para a evolução da espécie. As teorias eugenistas eram inerentes à sociedade, e chegaram a fazer parte do texto da constituição brasileira de 1934, na qual definia como responsabilidade do Estado fomentar a educação eugênica, acreditava-se serem conhecimentos úteis e indispensáveis para a reprodução, conservação e melhoria da raça.
Como pilares do projeto, apresentavam a intenção de tirar da capital (até então o Rio de Janeiro) crianças negras, órfãs, pobres, na faixa etária dos dez anos para levá-los para trabalhar/estudar nas lavouras em outros estados. Medida completamente aceita pelo governo Vargas.
Osvaldo Rocha Miranda era o dono da fazenda Santa Albertina, destino de cinquenta meninos negros e órfãos vindos do Rio de Janeiro, mais especificamente do orfanato Educandário Romão de Mattos Duarte. Os meninos foram escolhidos pelo próprio Osvaldo numa visita ao orfanato, ele escolheu os negros mais fortes daquela faixa etária desejada.
O documentário traz como protagonista o Sr. Aloysio Silva, um dos meninos levados para a fazenda Santa Albertina. Ele era o menino 23, denominação dada pela altura dos meninos. Aloysio reporta as memórias daquele tempo com grande insatisfação e pesar, ele lembra bem de como tudo aconteceu e, para a sorte dos pesquisadores e para o historiador, Aloysio lembrava-se do nome de alguns dos companheiros, em especial do Sr. Agemiro que foi um grande companheiro durante aqueles anos. O contraste nas reações do Sr. Aloysio e do Sr. Agemiro quando remetem-se a infância vivida naquela fazenda exemplifica o abismo entre a felicidade e o riso que os foi capturado e a dor e a revolta que sentem até hoje.
Em 1941 Getúlio Vargas se alia ao Estados Unidos na 2° Guerra Mundial, por vários acordos comerciais e incentivos financeiros ( a CSN é um dos exemplos). Com a aliança com o EUA o Brasil entra na guerra para o combate ao nazismo mas tinha um movimento similiar em seu território, a AIB.
Essa decisão afetou diretamente os meninos da fazenda, com a declaração de guerra ao Eixo todas as referencias nazifascistas em especial a AIB começaram a ganhar uma roupagem de crime. Rapidamente tentaram apagar todas as memórias matérias. Tendo em vista que estavam ocorrendo inúmeras prisões no Brasil por conta desse envolvimento ideológico, apoiado ate instantes antes.
O Brasil durante a Era Vargas, antes da aliança com os EUA teve pilares nazifascistas, como acordos econômicos com a Alemanha e o 2° maior partido nazista fora da Alemanha.
O período demarcado pelo documentário (Déc. 1920/1930) é o período mais racista da nossa história. Há mais de 40 anos após a abolição da escravatura no país. Abolição essa que não ofereceu aos negros nenhuma política de reinserção social a essa população, atenuando então os “efeitos colaterais” da escravatura. Assim como aconteceu quando os meninos foram “libertos” da fazenda.
A subjugação do negro é um desses “efeitos” e está impregnada em todos os segmentos da sociedade, e em conjunto com a ideia retrógrada de supremacia racial culmina numa marginalização de uma determinada população, caracterizando-os supostamente á estarem disponíveis a qualquer tipo de exploração.
Créditos:
Aluna Myrian Lima
3° Ano - Centro Educacional Moderno
Link para o filme/documentário:
https://drive.google.com/file/d/1uR55l49__3yliUaSRqoRA2tgdWBT1i7G/view?usp=drivesdk
Link para o filme/documentário:
https://drive.google.com/file/d/1uR55l49__3yliUaSRqoRA2tgdWBT1i7G/view?usp=drivesdk